sábado, 29 de dezembro de 2007

Da Marginal à Foz do Guadiana

Marginal , junto ao Guadiana ( palacete pombalino)

Aqui , o Guadiana encontra o Oceano

Dedico estas fotografias ao meu amigo Jacinto G de Vila Real de Santo António ( Vilareálaquela) que frequentou o Liceu Nacional de Faro, alguns anos, talvez em simultâneo comigo, embora não nos conheçamos e, também, ao meu grande amigo José Henrique Casal que a cada dia que passa , fotografa melhor, que me entusiasmou pela fotografia e me "fez" comprar a máquina que tenho. Faz obras de arte com a sua máquina. "Por ele" tenho uma, semi-profissional, um livro que o Menino Jesus me ofereceu para ir estudando e fotografando e a vontade de continuar a aprender. Depois, dedico a todos aqueles que por aqui passam. Aos que gostam muito de mim ( estou a pensar nalguns), aos que passam por simpatia e também àqueles que passam e dizem não gostar mesmo nada da Sophiamar. Eu continuarei a fazer da blogosfera o espaço de afectos semelhante ao que faço nesta terra onde vivo.
Cumprimento com um sorriso rasgado aqueles que por mim passam,falo-lhes com alegria se for caso disso, consolo-os na dor se vir que faz falta, olho o céu e o mar que hoje estão lindos e dou graças a Deus por tudo quanto tenho e sou. No entanto, estou muito longe da perfeição. Muitooooo!!!!

Para todos vós,pensando em vós, fiz muitas fotografias. Aqui as deixo. São vossas se o entenderem. É só levar sem quaisquer pedidos. O pouco que tenho e sei fazer, mal ou bem, é para partilhar.
Digo e repito, que só aqui estarei enquanto puder fazer da blogosfera um espaço de afectos e enquanto a saúde mo deixar.

Para todos, mesmo todos,sem excepção, sem arrogância, sem hipocrisia, sem má consciência de alguma vez ter querido ou desejado o mal de alguém, ciúme de alguém, inveja de alguém, desejo-vos um ANO NOVO MUITO FELIZ. QUE TENHAIS TUDO QUANTO DESEJARDES.
Isabel

Palacete da marginal


O Guadiana e os barcos

A Caminho da Foz ( em frente , Ayamonte)
E agora, deleitem-se... Com o mar, o rio, o pôr do sol....






Conhecer alguém aqui e ali que pensa e sente como nós e que , embora distante, está perto em espírito, eis o que faz da Terra um jardim habitado.


( Goethe)

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

A Minha Aldeia



Minha aldeia é todo o mundo.

Todo o mundo me pertence.

Aqui me encontro e confundo

com gente de todo o mundo

que a todo o mundo pertence.




Bate o sol na minha aldeia

com várias inclinações.

Angulo novo, nova ideia;

outros graus, outras razões.

Que os homens da minha aldeia

são centenas de milhões.


Os homens da minha aldeia

divergem por natureza.

O mesmo sonho os separa,

a mesma fria certeza

os afasta e desampara,

rumorejante seara

onde se odeia em beleza.




Os homens da minha aldeia

formigam raivosamente

com os pés colados ao chão.

Nessa prisão permanente

cada qual é seu irmão.




Valência de fora e dentro

ligam tudo ao mesmo centro

numa inquebrável cadeia.

Longas raízes que imergem,

todos os homens convergem

no centro da minha aldeia




António Gedeão








Para todos vós, num momento de muito trabalho e sem poder passar pelos vossos blogues com a regularidade com que o fazia, deixo-vos a minha amizade, beijinhos e creiam que não vos esquecerei.Irei passando por aqui.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

Ontem andei por aqui....Convosco no pensamento.Obrigada, Amigos!

Senhora da Rocha
Senhora da Rocha
Carvoeiro
Carvoeiro
"Ó meu relógio-de-sol,

agulha de marear,

minha rota sobre o mar,

faixa da luz do farol.

Ergue as tuas mãos em delta,

e abriga-me da tormenta.

Numa caravela esbelta

leva-me ao mar da pimenta.

Quero adormecer na areia,

loira da praia remota,

enquanto no azul vagueia,

a asa de uma gaivota.

Quero ser cor na paisagem,

pincelada sem contornos,

haurindo nos ares mornos,

transparências de miragem.

Quero dormir e sonhar

um sonho que em cor me afoga:

verdes e azuis de Renoir,

amarelos de Van Gogh."(...)

António Gedeão ( Cruzeiro do Sul)

terça-feira, 17 de julho de 2007

Estou no campo, no Canto do Melro, e... o mar aqui tão perto!







Aqui no Canto do Melro , envolta por uma paisagem verdejante, tenho na vizinhança o oceano e a serra . A Serra do Caldeirão, a norte, e a Serra do Monte Figo, a sul. Encaixada no vale que as separa, fica a vila onde nasci. Não foi bem aí,no centro da vila, que eu vi pela primeira vez a luz do mundo que me rodeia. A casa que me acolheu fica quatro quilómetros a norte do centro desta pequena vila do barrocal algarvio. Costumo dizer que sou serrenha , como aqui se costuma chamar a quem nasce na serra e não serrana, termo usado no norte, e também montanheira, por ter nascido no meio rural de que muito me orgulho. O campo e o mar são duas paixões , além de outras, que dão cor à minha vida.

No Canto do Melro, onde neste momento me encontro, as plantas crescem organizadas segundo a distribuição que fui fazendo. Árvores e arbustos rodeiam a casa onde vos escrevo, criando um cenário bucólico, idílico, repousante. À minha direita, os loendros brancos e rosa tapam o muro que me separa da propriedade vizinha. Aí , está uma azinheira secular , junto de uma eira onde já passei momentos inesquecíveis. Uma e outra, dois afectos que criei na infância. À sombra de uma, brincava na outra. Agora, mesmo em frente, tenho um alpendre de buganvílias , também rosa,e, ao lado, as damas da noite, o alecrim e a roseira que a minha mãe plantou. Está sempre florida! Aquelas rosas, cor de salmão, falam! Falam-me!.

O dia está a amanhecer, o sol já galgou os cerros e cobre ,agora, a parte mais alta dos telhados, sopra uma brisa fresca. Há pouco, alguns minutos depois das seis da manhã, abri a porta da cozinha e , num dos vasos de flores, sobre o poço, vi um pirilampo, qual pepita de ouro, a brilhar na noite escura. Só aqui os vejo!

Ouço os galos, um ou outro passarito chilreia, cheira a ervas secas, a campo, a terra. Este cheiro, que me é familiar, lembra-me que estou em casa, no canto que me aconchega, mais do que qualquer outro, à beira da estrada que, serpenteando a serra em trezentas e sessenta e cinco curvas, nos leva aos campos alentejanos de Almodôvar e Castro Verde.

Agora , poucos carros passam apesar da estrada se encontrar em bom estado.O acesso a Lisboa ,faz-se geralmente pelas A22 e A2, mais rápido mas mais monótono. E assim, este canto ficou mais calmo , mais repousante, menos poluído.

Daqui saio, todos os dias para a praia. O oceano, afinal, está tão perto!

Aqui regresso quando a tarde cai, geralmente morna, o sol põe-se , o melro encontra-se comigo e debica as sementes que encontra na relva.

Não abdico deste ambiente a troco de nada. O contacto com a natureza, calmo e remansoso, é um privilégio,cada vez mais raro, que degusto com prazer.







As Amoras



O meu país sabe a amoras bravas

no verão.

Ninguém ignora que não é grande,

nem inteligente, nem elegante o meu país,

mas tem esta voz doce

de quem acorda cedo para cantar nas silvas.

Raramente falei do meu país, talvez

nem goste dele, mas quando um amigo

me traz amoras bravas

os seus muros parecem-me brancos,

reparo que também no meu país o céu é azul.



Eugénio de Andrade




quarta-feira, 4 de julho de 2007

A Amizade Não se Agradece. É uma Conquista! Mútua!




marés de ondas livres

eis - me aqui, teu escravo

encarcerado amor, o meu

ninfa aprisionada

canta sereia, encanta

diva de voz vítrea

como o cristal, derruba a sebe

espantalho, artificial visão

vem, desejo – te,

vamos espraiar,

este desvairado amor

livre de barreiras

vinculos de sal,

maresia, iodo

elos de amor, naturais, puros,

embriagantes espasmos

convulsivos, fulgurantes



poema e foto: poetaeusou