A todos que saíram às ruas,
De corpo-máquina cansado,
A todos que imploram feriado
As costas que a terra extenua
Primeiro de Maio!
Meu mundo, em primaveras,
Derrete a neve com sol gaio.
Sou operário - este é meu maio!
Sou camponês - este é o meu mês!
Sou ferro - eis o maio que quero!
Sou terra - o maio é minha era!”
(Meu Maio, Vladimir Maiakovski)
O 1º de Maio , Dia do Trabalhador, tem uma história longa , triste mas vitoriosa. Em finais do século XIX, com o início da industrialização, começaram a aparecer novos problemas relacionados com o trabalho. Um dos principais era o horário de trabalho que, nalguns casos, chegava a ultrapassar as dezasseis horas diárias.
Alguns reformadores sociais já tinham proposto, em várias épocas, a ideia de dividir o dia em três períodos: oito horas de trabalho, oito horas de sono e oito horas de lazer e estudo, proposta que, como sempre, era vista como utópica pelos empregadores. Com o desenvolvimento do associativismo operário e do sindicalismo, a proposta da jornada de oito horas tornou-se um dos objectivos centrais das lutas operárias e também causa de violentas repressões e de inúmeras prisões e até morte de trabalhadores. No 1º de Maio de 1886, milhares de trabalhadores de Chicago, tal como de muitas outras cidades americanas, foram para a rua, exigindo o horário de oito horas de trabalho por dia. No dia 4 de Maio, durante novas manifestações, uma explosão serviu de pretexto para a repressão brutal que se seguiu, que provocou mais de 100 mortes e a prisão de dezenas de operários. Este acontecimento, que ficou conhecido como os "Mártires de Chicago", tornou-se o símbolo e marco para uma luta que, a partir daí, se generalizou por todo o mundo.
Entre nós, a luta pelo horário de oito horas também tem uma longa história mas só em Maio de 1996 o Parlamento aprovou a lei da semana de 40 horas (oito horas diárias de segunda a sexta feira).
As novas formas de organização do trabalho, a precarização e a globalização trazem novos problemas que os trabalhadores têm de enfrentar. A exploração do trabalho infantil e da mulher, bem como dos imigrantes, são um desafio permanente à imaginação e à capacidade de organização e de luta dos trabalhadores.
O facto de os homens e as mulheres, em várias partes do mundo, sentirem como próprias as injustiças e as violações dos direitos humanos cometidas em países longínquos, que talvez nunca visitem, é mais um sinal de uma realidade interiorizada na consciência, adquirindo assim conotação moral.Trata-se, antes de tudo, da interdependência apreendida como sistema determinante de relações no mundo contemporâneo, com as suas componentes - económica, cultural, política e religiosa - e assumida como categoria moral. Quando a interdependência é reconhecida assim, a resposta correlativa, como atitude moral e social e como "virtude", é a solidariedade, a determinação firme e perseverante de se empenhar pelo bem comum; ou seja, pelo bem de todos e de cada um, porque todos nós somos verdadeiramente responsáveis por todos.
O 1º de Maio, apesar de herdeiro de uma forte tradição de luta operária, à mistura com perseguições, prisões e até mortes, não pode ser um dia triste. Recordemos as conquistas, as pequenas e as grandes ,que os trabalhadores foram conseguindo através dos tempos.
Façamos a festa!
( tirado da net)