terça-feira, 29 de março de 2011

Penélope


mais do que um sonho: comoção!

sinto-me tonto, enternecido,

quando, de noite, as minhas mãos

são o teu único vestido.


e recompões com essa veste,

que eu, sem saber, tinha tecido,

todo o pudor que desfizeste

como uma teia sem sentido;

todo o pudor que desfizeste


a meu pedido.


mas nesse manto que desfias,

e que depois voltas a pôr,

eu reconheço os melhores dias

do nosso amor.


David Mourão-Ferreira

2 comentários:

João Roque disse...

David Mourão Ferreira, um poeta um tanto esquecido, algo injustamente.

Anónimo disse...

A obra do David é tão brilhante quanto a de Sophia.
Sou um admirador incondicional de ambos.
Aprecia também a excelência das tuas escolhas.
Bjs