Andava a lua nos céus
Com o seu bando de estrelas
Na minha alcova
Ardiam velas
Em candelabros de bronze
Pelo chão em desalinho
Os veludos pareciam
Ondas de sangue e ondas de vinho
Ele, olhava-me cismando;
E eu,
Plácidamente, fumava,
Vendo a lua branca e nua
Que pelos céus caminhava.
Aproximou-se; e em delírio
Procurou avidamente
E avidamente beijou
A minha boca de cravo
Que a beijar se recusou.
Arrastou-me para ele,
E encostado ao meu hombro
Falou-me de um pagem loiro
Que morrera de saudade
À beira-mar, a cantar...
Olhei o céu!
Agora, a lua, fugia,
Entre nuvens que tornavam
A linda noite sombria.
Deram-se as bocas num beijo,
Um beijo nervoso e lento...
O homem cede ao desejo
Como a nuvem cede ao vento
Vinha longe a madrugada.
Por fim,
Largando esse corpo
Que adormecera cansado
E que eu beijara, loucamente,
Sem sentir,
Bebia vinho, perdidamente
Bebia vinha..., até cair.
António Botto
5 comentários:
Este foi a pedido, ou estou a ser presunçoso?
De qualquer forma, obrigado!
Por acaso a lua hoje não está visível por cá, mas no poema está bem presente.
Abraço do Zé
Lindo poema!
bjs
Esperança
Gosto da poesia de António Botto. Este poema é muito expressivo. Obrigada. Um beijo.
Sempre nos teus espaços a poesia de todos os tempos e de tantos dos nodssos bons poetas, por vezes esquecidos.
Bem-hajas Isabel.
Beijinhos
Branca
P.S. Tenho andado um pouco ausente por cansaço,mas vou voltando.
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