Passavam pelo ar aves repentinas
O cheiro da terra era fundo e amargo,
E ao longe as cavalgadas do mar largo
Sacudiam na areia as suas crinas.
Era o céu azul, o campo verde,a terra escura.
Era a carne das árvores elástica e dura,
Eram as gotas de sangue da resina
E as folhas em que a luz se descombina.
Eram os caminhos num ir lento,
Eram as mãos profundas do vento
Era o livre e luminoso chamamento
Da asa dos espaços fugitiva.
Eram os pinheiros onde o céu poisa,
Era o peso e era a cor de cada coisa,
A sua quietude, secretamente viva,
A sua exaltação afirmativa.
Era a verdade e a força do mar largo
Cuja voz ,quando se quebra, sobe,
Era o regresso sem fim e a claridade
Das praias onde a direito o vento corre.
Sophia de Mello Breyner Andresen
5 comentários:
Sophia é ela própria o mar...
A natureza e sobretudo o mar. Sophia...
Abraço do Zé
A obra de Sophia é única.
Esta edição estaá exuberantemente ilustrada.
Bjs
Sophia, maravilhosa Sophia ! Obrigada!
É semoppre tão bom reler a Sophia e com ela reencontrar o azul do mar...
Beijos.
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