quarta-feira, 16 de março de 2011

Paisagem

Extraída do Google


Passavam pelo ar aves repentinas
O cheiro da terra era fundo e amargo,
E ao longe as cavalgadas do mar largo
Sacudiam na areia as suas crinas.

Era o céu azul, o campo verde,a terra escura.
Era a carne das árvores elástica e dura,
Eram as gotas de sangue da resina
E as folhas em que a luz se descombina.

Eram os caminhos num ir lento,
Eram as mãos profundas do vento
Era o livre e luminoso chamamento
Da asa dos espaços fugitiva.

Eram os pinheiros onde o céu poisa,
Era o peso e era a cor de cada coisa,
A sua quietude, secretamente viva,
A sua exaltação afirmativa.

Era a verdade e a força do mar largo
Cuja voz ,quando se quebra, sobe,
Era o regresso sem fim e a claridade
Das praias onde a direito o vento corre.


Sophia de Mello Breyner Andresen

5 comentários:

João Roque disse...

Sophia é ela própria o mar...

Zé Povinho disse...

A natureza e sobretudo o mar. Sophia...
Abraço do Zé

Anónimo disse...

A obra de Sophia é única.
Esta edição estaá exuberantemente ilustrada.
Bjs

Ana disse...

Sophia, maravilhosa Sophia ! Obrigada!

Graça Pires disse...

É semoppre tão bom reler a Sophia e com ela reencontrar o azul do mar...
Beijos.