Eu ontem passei o dia
Ouvindo o que o mar dizia.
Chorámos, rimos, cantámos.
Falou-me do seu destino,
Do seu fado...
Depois, para se alegrar,
Ergueu-se, e bailando, e rindo,
Pôs-se a cantar
Um canto molhado e lindo.
O seu hálito perfuma,
E o seu perfume faz mal!
Deserto de águas sem fim.
Ó sepultura da minha raça
Quando me guardas a mim?...
Ele afastou-se calado;
Eu afastei-me mais triste,
Mais doente, mais cansado...
Ao longe o Sol na agonia
De roxo as águas tingia.
«Voz do mar, misteriosa;
Voz do amor e da verdade!
- Ó voz moribunda e doce
Da minha grande Saudade!
Voz amarga de quem fica,
Trémula voz de quem parte...»
E os poetas a cantar
São ecos da voz do mar!
António Botto
6 comentários:
Que enorme poeta!
Sabes que foi ele o autor da letra do "Avé de Fátima"?
lindo.
abraço Cata-Vento
Belíssimo poema de um grande poeta.
Também a foto....é linda
Beijo
A Zambujeira é uma praia lindíssima.
Visito-a regularmente, desde sempre.
Bjs
(Obrigado pela visita ao «Guizo e o Gato»
Maravilhoso este poema de António Botto.
Um beijo.
António Botto, grande poeta!
Belíssimo poema este. Talvez seja um dos melhores que deixou da sua herança literária.
Bjito amigo,Cata-Vento
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