domingo, 6 de março de 2011

Passei o Dia Ouvindo o que o Mar Dizia

Zambujeira do Mar ( foto de Cata-Vento)




Eu ontem passei o dia
Ouvindo o que o mar dizia.

Chorámos, rimos, cantámos.

Falou-me do seu destino,
Do seu fado...

Depois, para se alegrar,
Ergueu-se, e bailando, e rindo,
Pôs-se a cantar
Um canto molhado e lindo.

O seu hálito perfuma,
E o seu perfume faz mal!

Deserto de águas sem fim.

Ó sepultura da minha raça
Quando me guardas a mim?...

Ele afastou-se calado;
Eu afastei-me mais triste,
Mais doente, mais cansado...

Ao longe o Sol na agonia
De roxo as águas tingia.

«Voz do mar, misteriosa;
Voz do amor e da verdade!
- Ó voz moribunda e doce
Da minha grande Saudade!
Voz amarga de quem fica,
Trémula voz de quem parte...»


E os poetas a cantar
São ecos da voz do mar!




António Botto

6 comentários:

João Roque disse...

Que enorme poeta!
Sabes que foi ele o autor da letra do "Avé de Fátima"?

Luis Eme disse...

lindo.

abraço Cata-Vento

Andradarte disse...

Belíssimo poema de um grande poeta.
Também a foto....é linda
Beijo

Anónimo disse...

A Zambujeira é uma praia lindíssima.
Visito-a regularmente, desde sempre.
Bjs

(Obrigado pela visita ao «Guizo e o Gato»

Graça Pires disse...

Maravilhoso este poema de António Botto.
Um beijo.

tecas disse...

António Botto, grande poeta!
Belíssimo poema este. Talvez seja um dos melhores que deixou da sua herança literária.
Bjito amigo,Cata-Vento