Filho de Vitorino Gomes da Silva e Maria da Glória Mendes Pinheiro, nasceu na Praia da Vitória, ilha Terceira em 1901.
Com 16 anos de idade, Vitorino Nemésio, desembarcou pela primeira vez na cidade da Horta para se apresentar a exames, como aluno externo do Liceu Nacional da Horta. Concluiu o Curso Geral dos Liceus, no dia 16 de Julho de 1918, com a classificação de dez valores.
Em 1918, em pleno final da Primeira Guerra Mundial, a Horta possuía um comércio marítimo intenso e uma impressionante animação nocturna, a cidade era um porto de escala obrigatória, local de reabastecimento de frotas e de repouso da marinhagem. Na Horta, estavam instaladas as companhias dos Cabos Telegráficos Submarinos, que convertiam a cidade num “nó de comunicações” mundiais, ou seja, a Horta possuía um ambiente cosmopolita, que contribuiu, decisivamente, para que ele viesse, mais tarde a escrever uma obra mítica, Mau Tempo no Canal, trabalhada desde 1939 e publicada em 1944, cuja acção decorre nas ilhas do Faial, Pico, São Jorge e Terceira, sendo que o núcleo da intriga se desenvolve na Horta.
Este romance evoca um período (1917-1919) que coincide em parte com a sua permanência na ilha do Faial e nele aparecem pessoas tais como o Dr. José Machado de Serpa, senador da República e estudioso, o padre Nunes da Rosa, contista e professor do Liceu da Horta, e Osório Goulart, poeta.
Em 1919, inicia o serviço militar, como voluntário, em infantaria, o que lhe proporcionou a primeira viagem para fora dos Açores. Concluiu o liceu em Coimbra (1921) e inscreve-se na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa. Mais tarde, Nemésio troca o curso em que se tinha matriculado, pelo de Filologia Românica, na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.
Na sua primeira viagem que faz a Espanha, com Orfeão Académico, em 1923, conhecerá Miguel Unamuno (escritor e filósofo espanhol (1864-1936), intelectual republicano, o teórico do humanismo revolucionário antifranquista) com quem trocará correspondência anos mais tarde.
A 12 de Fevereiro de 1926, casa em Coimbra com Gabriela Monjardino de Azevedo Gomes, de quem teve quatro filhos.
Foi em 1930 que Vitorino Nemésio se transfere para a Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa onde, no ano seguinte, conclui o curso de Filologia Românica, com elevadas classificações, começando desde logo a leccionar literatura italiana. É a partir de 1931 que Vitorino Nemésio dá inicio à carreira académica na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, onde tal como atrás se afirmou, leccionará literatura italiana e mais tarde literatura espanhola.
Em 1934 doutorou-se em Letras pela Universidade de Lisboa com a tese A Mocidade de Herculano até à Volta do Exílio.
Entre 1937 e 1939 lecciona na Universidade Livre de Bruxelas, regressando neste último ano ao ensino na Faculdade de Letras de Lisboa.
Foi autor e apresentador do programa televisivo Se bem me lembro, que muito contribuiu para popularizar a sua figura e dirigiu ainda o jornal O Dia entre 11 de Dezembro de 1975 a 25 de Outubro de 1976.
Vitorino Nemésio foi um dos grandes escritores portugueses do século XX, tendo recebido em 1965, o Prémio Nacional da Literatura e, em 1974, o Prémio Montaigne.
Faleceu a 20 de Fevereiro de 1978, em Lisboa, no Hospital da CUF, e foi sepultado em Coimbra. Pouco antes de morrer, Nemésio pediu ao filho para ser sepultado no cemitério de Santo António dos Olivais, em Coimbra. Mas pediu mais: que os sinos tocassem o Aleluia em vez do dobre a finados. O seu pedido foi respeitado.
A concha
Com 16 anos de idade, Vitorino Nemésio, desembarcou pela primeira vez na cidade da Horta para se apresentar a exames, como aluno externo do Liceu Nacional da Horta. Concluiu o Curso Geral dos Liceus, no dia 16 de Julho de 1918, com a classificação de dez valores.
Em 1918, em pleno final da Primeira Guerra Mundial, a Horta possuía um comércio marítimo intenso e uma impressionante animação nocturna, a cidade era um porto de escala obrigatória, local de reabastecimento de frotas e de repouso da marinhagem. Na Horta, estavam instaladas as companhias dos Cabos Telegráficos Submarinos, que convertiam a cidade num “nó de comunicações” mundiais, ou seja, a Horta possuía um ambiente cosmopolita, que contribuiu, decisivamente, para que ele viesse, mais tarde a escrever uma obra mítica, Mau Tempo no Canal, trabalhada desde 1939 e publicada em 1944, cuja acção decorre nas ilhas do Faial, Pico, São Jorge e Terceira, sendo que o núcleo da intriga se desenvolve na Horta.
Este romance evoca um período (1917-1919) que coincide em parte com a sua permanência na ilha do Faial e nele aparecem pessoas tais como o Dr. José Machado de Serpa, senador da República e estudioso, o padre Nunes da Rosa, contista e professor do Liceu da Horta, e Osório Goulart, poeta.
Em 1919, inicia o serviço militar, como voluntário, em infantaria, o que lhe proporcionou a primeira viagem para fora dos Açores. Concluiu o liceu em Coimbra (1921) e inscreve-se na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa. Mais tarde, Nemésio troca o curso em que se tinha matriculado, pelo de Filologia Românica, na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.
Na sua primeira viagem que faz a Espanha, com Orfeão Académico, em 1923, conhecerá Miguel Unamuno (escritor e filósofo espanhol (1864-1936), intelectual republicano, o teórico do humanismo revolucionário antifranquista) com quem trocará correspondência anos mais tarde.
A 12 de Fevereiro de 1926, casa em Coimbra com Gabriela Monjardino de Azevedo Gomes, de quem teve quatro filhos.
Foi em 1930 que Vitorino Nemésio se transfere para a Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa onde, no ano seguinte, conclui o curso de Filologia Românica, com elevadas classificações, começando desde logo a leccionar literatura italiana. É a partir de 1931 que Vitorino Nemésio dá inicio à carreira académica na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, onde tal como atrás se afirmou, leccionará literatura italiana e mais tarde literatura espanhola.
Em 1934 doutorou-se em Letras pela Universidade de Lisboa com a tese A Mocidade de Herculano até à Volta do Exílio.
Entre 1937 e 1939 lecciona na Universidade Livre de Bruxelas, regressando neste último ano ao ensino na Faculdade de Letras de Lisboa.
Foi autor e apresentador do programa televisivo Se bem me lembro, que muito contribuiu para popularizar a sua figura e dirigiu ainda o jornal O Dia entre 11 de Dezembro de 1975 a 25 de Outubro de 1976.
Vitorino Nemésio foi um dos grandes escritores portugueses do século XX, tendo recebido em 1965, o Prémio Nacional da Literatura e, em 1974, o Prémio Montaigne.
Faleceu a 20 de Fevereiro de 1978, em Lisboa, no Hospital da CUF, e foi sepultado em Coimbra. Pouco antes de morrer, Nemésio pediu ao filho para ser sepultado no cemitério de Santo António dos Olivais, em Coimbra. Mas pediu mais: que os sinos tocassem o Aleluia em vez do dobre a finados. O seu pedido foi respeitado.
A concha
A minha casa é concha. Como os bichos
Segreguei-a de mim com paciência:
Fechada de marés, a sonhos e a lixos,
O horto e os muros só areia e ausência.
Segreguei-a de mim com paciência:
Fechada de marés, a sonhos e a lixos,
O horto e os muros só areia e ausência.
Minha casa sou eu e os meus caprichos.
O orgulho carregado de inocência
Se às vezes dá uma varanda, vence-a
O sal que os santos esboroou nos nichos.
O orgulho carregado de inocência
Se às vezes dá uma varanda, vence-a
O sal que os santos esboroou nos nichos.
E telhadosa de vidro, e escadarias
Frágeis, cobertas de hera, oh bronze falso!
Lareira aberta pelo vento, as salas frias.
Frágeis, cobertas de hera, oh bronze falso!
Lareira aberta pelo vento, as salas frias.
A minha casa... Mas é outra a história:
Sou eu ao vento e à chuva, aqui descalço,
Sentado numa pedra de memória.
Sou eu ao vento e à chuva, aqui descalço,
Sentado numa pedra de memória.
Vitorino Nemésio
Foi há 30 anos! Obrigada, Professor! Com saudade e gratidão!
18 comentários:
Foi um homem extraordinário e o memorial que lhe dedicas é digno dele. Eu era muito criança quando transmitiam na RTP o Se Bem Me Lembro, mas foi um acontecimento cultural único, neste nosso país adormecido.
Beijinhos anarquistas
Foi só um desabafo... lá pelo meu sítio.
Hoje trouxeste-nos a memória desse comunicador e escritor fora de série... foi um prazer.
Bom fim de semana.Beijos.
um homem fantástico, parece que ainda o vejo no écran televisivo,
"Se bem me lembro", um ilhéu da Terceira, da Praia da Vitória, linda localidade digna deste homem, contador de histórias, prosas, poemas
deu-nos ensinamentos e contou-nos memórias possíveis de alguém com a sua dimensão
bem hajas!
beijinhosssssssss
Querida Sophiamar,
precisamente no sábado disse um poema de Nemésio : O Palácio do Milhafre.
Poderia ter escolhido tantos outros, tão belos, como aquele que aqui deixas, mas a minha escolha foi uma pequenina homenagem a um homem que aprendi a admirar mesmo não percebendo muitas das coisas que lhe ouvia!
Bjkas!
Que bom, lembrares aqui o saudoso Vitorino Nemésio. Obrigada e um beijo.
Interessante, a sua última vontade. Lembro-me vagamente de o ouvir na tv, mas naturalmente na altura não me dizia nada. Mas lembro-me também que as pessoas o ouviam com deferência.
Em relação ao que me perguntaste: creio que há mais do que uma forma de colocar imagens grandes, mas a que eu conheço é alojar as imagens num site de alojamento de imagens, por exemplo o Picasa Web Albums, onde podes criar um álbum com a mesma conta do blogger, ou o Photobucket, que é um dos mais populares, mas existem muitos outros. Depois de alojada a imagem eles fornecem um código a que chamam 'embedable code' ou qualquer coisa do género, copias esse código e colocas no post, na aba 'editar html', tal como fazes para colocar um filme do youtube.
Só que isto não funciona com todos os templates (modelos) do blogger, porque a maioria está formatada para não ultrapassar as dimensões dos ecrãns antigos (800x600, se não me engano), e a imagem aparece cortada. Para aparecer inteira tens que escolher os modelos que permitem esticar o texto, creio que é mais do que um. Só que depois todas as coisas que tens ao lado passam para o fundo, o que é o inconveniente. Mas também é uma questão de experimentares vários a ver como fica, eu experimentei um e fiquei com ele, até pode haver outros que funcionem com a barra lateral.
Espero não ter sido muito confusa, mas se quiseres que explique melhor podes perguntar, se quiseres usa o mail. Eu deixei a resposta aqui, quem sabe outros também possam querer saber como é.
Beijos
Jardineira Aprendiz
Obrigada, amiga! Penso que explicaste bem embora possa ter dificuldade tendo em conta a minha fraca habilidade nestas coisas da informática. No entanto, não esqueço que foste tu quem conseguiu explicar-me como colocar a fotografia no blogue.
Obrigada.
Beijinhossss
Interessante este post homenagem a
Vitorino Nemésio. Lembro-me bem dele. Gostava imenso de ver o programa dele. Era um homem erudito mas que falava com uma simplicidade que eu sempre entendia.
Bom fim de semana.
Um abraço
Bem, eu também gostava de ver este personagem na televisão
Homem extraordinário, que punha meio mundo a olhar para ele
Ainda me lembro de algumas palavras deste amigo aqui recordado com saudade:
" Eu tinha uma gancheta,
e essa gancheta tinha uma volta na ponta..."
Recordado com saudade
Bom fim de semana
Beijinhos
Um Mestre, merecida Homenagem. Kiss e Bom Fim de Semana.
PS: Era para ir ao Algarve, mas... Não vou pelo mau tempo...
Vitorino Nemésio - "Despedida" (1961, Espólio Rádio Clube de Angra)
http://pg.azores.gov.pt/drac/cca/audio/Vitorino%20Nem%C3%A9sio%20-%20Despedida%20(1961)--001.mp3
Delirava quando ligava o televisor e, via sua figura simples usando uma linguagem tão popular. Se bem me lembro... deixou marcas indeléveis. Homem duma cultura inigualável, sem prosaicas que tão bem era compreendido pelo povo. Mau tempo no canal, quem não o leu? Se não me engano também Lágrimas correndo mundo. Ainda bem que alguém se lembrou...se bem me lembro. Beijo amigo e bom fim de semana. João
Bela homenagem, minha querida...um bom fim-de-semana...
Ludo
Agradeço a tua prendinha. Já estive a ouvir o saudoso professor Vitorino Nemésio e as lágrimas correram misturadas com a alegria de o ouvir.
Beijinhossssss
Aqui a chuva cai, o vento sopra, a tempestade está por aqui.
O Se Bem Me Lembro ficou para sempre na memória de quem escutou esses programas. Uma homenagem justa a um bom comunicador que sabia utilizar as palavras simples.
Abraço do Zé
Se bem me lembro...ainda me lembro dele!
Beijinhos
QUE BOA LEMBRANÇA, AMIGA, AQUI REMEMORAR ESTE GRANDE PROFESSOR!
EU ANDAVA NO LICEU E NAOPERDIA OS PROGRAMAS DELE TAMBÉM...
BJINHOS
Até eu, que sou barrista, acho um trabalho fantástico!
Beijinhos das Caldas.
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