sábado, 24 de maio de 2008

Maio

Ninguém sabia de que maio vinham
ninguém, ninguém para que maio iam.
E as mãos que de se dar não se continham
as mãos que mão a mão se repartiam.

Até aí os filósofos só tinham
interpretado o ser e a palavra.
Ninguém sabia de que maio vinham
rua a rua Paris se desfolhava.

Buscavam outro sentido outra medida
e mais do que mudar eles queriam
dançar no mês de maio a própria vida.


Ninguém sabia como começou
ninguém ninguém para que maio iam
de repente Paris era Rimbaud

Manuel Alegre

quinta-feira, 22 de maio de 2008

Soeiro Pereira Gomes

Soeiro Pereira Gomes nasceu em Gestaçô, concelho de Baião, distrito do Porto.Viveu em Espinho, dos 6 aos 10 anos , onde fez a instrução primária . Filho de agricultores decidiu estudar na Escola de Regentes Agrícolas de Coimbra, onde tirou o curso de Regente Agrícola, e, quando finalizou os estudos, foi para Angola onde trabalhou por mais de um ano. Quando regressou a Portugal, foi habitar em Alhandra, onde o sogro vivia, como empregado administrativo na fábrica de cimentos local, e aí começou a desenvolver um trabalho de dinamização cultural entre o operariado . Mas foi o seu trabalho como escritor que o tornou conhecido, sendo considerado um nome grande do realismo socialista em Portugal. Com apenas 20 anos, em 1939, em pleno Estado Novo, começou a publicar escritos seus no jornal «O Diabo», à época uma publicação progressista que constrastava no panorama cinzento das publicações censuradas pelo fascismo.Entre os seus trabalhos conta-se a obra Esteiros, publicada em 1941, considerada a sua obra-prima, ilustrada, na sua primeira edição, por Álvaro Cunhal, secretário-geral do PCP, e dedicada «aos filhos dos homens que nunca foram meninos». É uma obra de profunda denúncia da injustiça e da miséria social, que conta a história de um grupo de crianças que desde cedo abandona a escola para trabalhar numa fábrica de tijolos.Devido à condição de militante comunista, Soeiro Pereira Gomes passa à clandestinidade em 1945 para evitar a repressão do regime de Salazar e continua a desenvolver o seu trabalho militante até adoecer com tuberculose, provavelmente devido às dificuldades da vida clandestina. Impedido, pela clandestinidade, de receber o tratamento médico que necessitava faleceu a 5 de Dezembro de 1949.Encontra-se sepultado em Espinho, terra que o acolheu durante a sua infância. Da sua sepultura consta o seguinte epitáfio : "A TUA LUTA FOI DÁDIVA TOTAL" E foi mesmo! Os homens que nunca foram meninos continuam a existir! E os Meninos que não podem ser meninos.... TAMBÉM!
( Google)

A Fome, a Miséria, a Desigualdade não são inevitabilidades humanas. É tempo de tomarmos consciência disso e amortalharmos definitivamente este Fado.


terça-feira, 20 de maio de 2008

Catarina Eufémia


" Por que razão a sua vida e a sua morte ocupam já um lugar cimeiro no cancioneiro popular e, verdades como são, adquirem o imaginário das lendas?"



Álvaro Cunhal, Público/ Magazine, 4-2-1996





Catarina





Não vou cantá-la

em alfabeto

de retrato





Prefiro imaginá-la

no Baleizão secreto

de um poema abstracto.





Correndo para a bala

no destino concreto

do seu acto.



Manuel Alegre; in Alentejo e Ninguém; 1996




Chamava-se Catarina
O Alentejo a viu nascer
Serranas viram em vida
Baleizão a viu morrer

Ceifeiras na manhã fria
Flores na campa lhe vão pôr
Ficou vermelha a campina
Do sangue que então brotou

Acalma o furor campina
Que o teu pranto não findou
Quem viu morrer Catarina
Não perdoa a quem a matou

Aquela pomba tão branca
Todos a querem p'ra si
Ó Alentejo queimado
Ninguém se lembra de ti


Aquela andorinha negra
Bate as asas p'ra voar
Ó Alentejo esquecido
Inda um dia hás-de cantar.

Zeca Afonso




Catarina Eufémia Baleizão, filha de José Diogo Baleizão e de Maria Eufémia, nasceu na aldeia de Baleizão, no Monte do Olival, concelho e distrito de Beja, em 13 de Fevereiro de 1928 e teria feito oitenta anos este ano se não tivesse sido assassinada em 19 de Maio de 1954 e a saúde lho tivesse permitido concluir as oito décadas de vida. Era uma assalariada rural, pobre e analfabeta, como muitas outras alentejanas e tal como elas casou cedo, em 1946, e , muito nova , teve três filhos. A sua vida teria sido anónima e esquecida como a de tantos outros alentejanos de pobre condição se não tivesse acabado em circunstâncias tão trágicas, guindando-a a símbolo da resistência e contestação ao regime salazarista. No Alentejo , região de latifúndios e de emprego sazonal, as condições de vida dos camponeses, sem terras e assalariados, eram extremamente difíceis. Esta situação sócio-económica e laboral, penosa e dura, agitou as massas camponesas da região a partir de meados dos anos 40, tendo-se agudizado nas duas décadas seguintes. Eram inúmeros os tumultos e mais frequentes ainda as greves rurais, que acabavam sempre com a intervenção da GNR e devidamente vigiadas pela PIDE, que capturava muitos dos intervenientes. Numa dessas greves de trabalhadores agrícolas, ocorrida em 19 de Maio de 1954 na aldeia de Baleizão, um grupo de camponeses dirigiu-se à residência do patrão e entre eles estava Catarina Eufémia, grávida e com um filho de oito meses ao colo. Entre outras pretensões, reivindicava-se para as mulheres um aumento da jorna (salário de um dia de trabalho) de 16 para 23 escudos, na campanha da ceifa. No entanto, a GNR apareceu, como tantas outras vezes o fizera, acabando por intervir duramente. Para além dos tiros para o ar, de intimidação e para dispersar a concentração de camponeses, outros houve que tiveram um destino mais cruel e sangrento. De facto, o tenente Carrajola, da GNR, no caminho do grupo de assalariados para a casa do patrão, matou Catarina Eufémia com vários tiros, que caiu com o filho ao colo. Este assassinato a sangue-frio foi uma das mais brutais acções do regime de Salazar, causando uma revolta surda e contida entre as massas rurais alentejanas. Catarina tornou-se, depois da sua morte trágica, como um símbolo de resistência ao fascismo, como um modelo de mulher. Muitas vezes se lhe jurou vingança, tal foi a raiva de dor que pulsou durante décadas no Alentejo pela sua morte estúpida e cruel. Os cantores de intervenção e os poetas opositores ao regime não deixaram de cantar a resistente camponesa assassinada: José Afonso, Sophia de Mello Breyner ou José Carlos Ary dos Santos, entre outros. ( Adaptado do Google)


sábado, 17 de maio de 2008

Irena Sendler


Morreu com 98 anos, no dia12 de Maio , Irena Sendler, conhecida como a mãe dos meninos do Holocausto, activista da resistência nazi, conhecida como a Shindler polaca. Sendler é considerada como uma das grandes heroínas da resistência polaca aos nazis ao evitar que 2.500 crianças judias do gueto de Varsóvia fossem encaminhadas para campos de concentração. Assistente social, Irena Sendler trabalhava antes da guerra com famílias judias pobres . A partir do outono de 1940, passou a correr sérios riscos ao fornecer alimentos, roupas e medicamentos aos moradores do gueto de Varsóvia, instalado pelos nazis. No fim do verão de 1942, Irena Sendler aderiu ao movimento de resistência Zegota ( Conselho de Ajuda aos Judeus), e conseguiu retirar, clandestinamente, milhares de crianças , escondendo-as em malas que eram, posteriormente, levadas por bombeiros ou em camiões de lixo e integradas em famílias católicas ou conventos.

Em 2007, foi nomeada pela Polónia para receber o prémio Nobel da Paz. Há já alguns anos que esta grande heroína polaca da II Guerra Mundial se encontrava com alguns problemas de saúde e quase já não saía do lar onde residia.

sábado, 10 de maio de 2008

Aristides de Sousa Mendes

Aristides de Sousa Mendes nasceu em Cabanas de Viriato ( Viseu) a 19 de Julho de 1885 e faleceu em Lisboa a 3 de Abril de 1954. Foi um Defensor da Liberdade que se recusou a seguir as ordens de Salazar, concedendo vistos a refugiados de todas as nacionalidades que desejavam sair da França, em 1940, ano em que foi invadida pela Alemanha Nazi na Segunda Guerra Mundial. Salvou dezenas de milhares de pessoas do Holocausto.
Em 1907, após a licenciatura em Direito pela Universidade de Coimbra, foi viver para Lisboa tendo, posteriormente, ocupado diversas delegações consulares portuguesas pelo mundo fora: Zanzibar, Brasil, Estados Unidos da América... Em 1929 foi nomeado Cônsul-Geral em Antuérpia e aí ficou até 1938. Foi condecorado por duas vezes pelo rei Leopoldo III, da Bélgica, tendo-o feito oficial da Ordem de Leopoldo e comendador da Ordem da Coroa, a mais alta condecoração belga. Durante o período em que viveu na Bélgica, conviveu com personalidades ilustres como o escritor Mauric Maeterlinck, Prémio Nobel da Literatura e o cientista Albert Einstein, Prémio Nobel da Fisica. Depois de quase dez anos de serviço na Bélgica, Salazar, presidente do Conselho de Ministros e Ministro dos Negócios Estrangeiros, nomeou Sousa Mendes cônsul em Bordéus.






Sousa Mendes e a família


Quando as tropas de Hitler avançaram sobre a França, Salazar manteve a neutralidade de Portugal e ordenou aos cônsules portugueses espalhados pelo mundo que recusassem conferir vistos às seguintes categorias de pessoas: "estrangeiros de nacionalidade indefinida, contestada ou em litígio; os apátridas; os judeus, quer tenham sido expulsos do seu país de origem ou do país de onde são cidadãos".

A Quinta de Sousa Mendes

Entretanto, em 1940, o governo francês refugiou-se temporariamente em Bordéus, fugindo de Paris antes da chegada das tropas alemãs e o mesmo fizeram dezenas de milhares de pessoas. Muitos deles dirigiram-se ao consulado português a fim de obter um visto de entrada para Portugal ou para os Estados Unidos onde Sousa Mendes, o cônsul, caso seguisse as instruções do governo distribuiria um número restrito de vistos.
Já no final de 1939, Sousa Mendes tinha desobedecido às instruções do governo e emitido alguns vistos. Entre as pessoas que ele tinha então decidido ajudar, encontrava-se o Rabino de Antuérpia, Jacob Kruger, que lhe fez compreender que devia salvar os refugiados judeus.
A 16 de Junho de 1940, Aristides decide entregar um visto a todos os refugiados que o pedissem.

Com a ajuda dos seus filhos ( catorze) e sobrinhos e do rabino Kruger, ele carimba passaportes, assina vistos, usando todas as folhas de papel, disponíveis.
Entretanto, Salazar tomara medidas contra o cônsul Aristides mas este continuou a sua actividade de 20 a 23 de Junho em Baiona (França), no escritório de um vice-cônsul e mesmo na presença de dois outros funcionários de Salazar. A 22 de Junho de 1940, a França pediu um armistício à Alemanha Nazi. Mesmo a caminho de Hendaye, Aristides continua a emitir vistos para os refugiados que se cruzam com ele a caminho da fronteira, uma vez que a 23 de Junho, Salazar demitira-o de suas funções de cônsul.
Apesar de terem sido enviados funcionários para trazer Aristides, este lidera com a sua viatura uma coluna de veículos de refugiados e guia-os em direcção à fronteira onde, do lado espanhol, por não existir telefone, os guardas fronteiriços não tinham sido ainda avisados da decisão de Madrid de fechar as fronteiras com a França. Sousa Mendes impressiona os guardas aduaneiros, que acabariam por deixar passar todos os refugiados que, com os seus vistos, puderam continuar viagem até Portugal.
A 8 de Julho de 1940, Aristides encontra-se em Portugal onde foi punido pelo governo de Salazar: afastou Sousa Mendes do seu emprego diplomático por um ano, diminuiu em metade o seu salário e enviou-o, posteriormente, para a reforma. Para além disso, foi-lhe retirado o direito de exercer a profissão de advogado. A sua carta de condução, emitida no estrangeiro, foi-lhe retirada.
O cônsul e a sua família sobreviveram graças à solidariedade da comunidade judaica de Lisboa, que facilitou a alguns dos seus filhos os estudos nos Estados Unidos. Dois dos seus filhos participaram no Desembarque da Normandia.
Ele frequentou, juntamente com os seus familiares, a cantina da assistência judaica internacional,

Em 1945, Salazar felicitou-se por Portugal ter ajudado os refugiados, recusando-se no entanto a reintegrar Sousa Mendes no corpo diplomático.
Aristides de Sousa Mendes faleceu muito pobre, a 3 de Abril de 1954, no hospital dos franciscanos em Lisboa. Não possuindo um fato próprio, foi enterrado numa túnica de franciscanos.


( Adaptado do Google)

sexta-feira, 9 de maio de 2008

A Comuna de Paris

A Comuna de Paris foi um governo popular organizado pelas massas parisienses em 18 de Março de 1871, marcado por diversas ideologias. Tornou-se, posteriormente, uma referência na história dos movimentos populares e revolucionários de todo o mundo. De acordo com o escritor Prosper-Olivier Lissagaray, um communard que se tornou historiador da Comuna, esta teria sido "uma revolução feita por homens comuns e que deu aos trabalhadores a consciência de sua força, sem que estes pudessem desenvolver as suas ideias" cujos objectivos visavam melhorar as condições de vida dos indivíduos que compunham aquela sociedade, marcada por conflitos políticos, económicos e sociais. Embora a Comuna não deva ser pensada como uma revolução socialista, é importante salientar que as suas propostas traziam em si preocupações de carácter social.
A experiência da Comuna, todavia, durou pouco tempo (72 dias). Sob as ordens de Adolphe Thiers as tropas militares entraram em Paris e sufocaram a Comuna com feroz violência. Cerca de 20 mil pessoas foram mortas numa única semana que ficou conhecida como a Semana Sangrenta. Era, portanto, o fim da Comuna.
Sobre isso, Marx escreveu em 30 de Maio de 1871 um texto onde expressava o significado da Comuna: "Os trabalhadores de Paris, com sua comuna, serão sempre considerados como gloriosos precursores de uma nova sociedade. A memória dos seus mártires será cuidadosamente conservada no coração da classe trabalhadora. A História já prendeu os seus exterminadores nesse eterno pelourinho, de onde não conseguirão arrancá-los todas as orações dos sacerdotes". A Revolução Francesa, em 1789, trouxe as bases para o desenvolvimento de uma educação pública e nacional convertendo-a num direito de todos os homens que ao Estado competia assegurar. Segundo a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, redigida em Maio de 1793, a instrução é uma necessidade de todo o cidadão e a sociedade deve fornecê-la igualmente a todos os seus membros. Ao longo de sua História, a França revolucionária foi-se tornando cada vez mais moderada em relação a estes princípios que, na prática, nunca se estenderam igualmente a todos os membros da sociedade. Foi na expectativa de construir uma sociedade que atendesse às necessidades dos sectores populares que a compunham, que a Comuna de Paris assentou as bases das suas propostas. O resgate da antiga proposta revolucionária de um ensino público, gratuito, laico e obrigatório foi, portanto, devidamente retomado como uma das dimensões que atendiam às necessidades desses indivíduos.
A proposta dos" communards" para a educação visava ,assim, modificar uma realidade que lhes era limitada, quando não excludente, a exemplo da educação feminina. Nesse sentido, a Comuna tomou um conjunto decisões e medidas que procuravam redefinir os objectivos educacionais e da escola, como a abertura de todas as instituições de ensino gratuitamente ao povo e separado da interferência da Igreja e do Estado: organização do ensino primário e profissional; busca pela integração entre educação e trabalho; instrução para as mulheres... Foi criada pelo delegado do Ensino, o communard Edward Vaillant, em 23 de abril de 1871, uma comissão com a finalidade de ajudar a Delegação de Ensino a organizar o ensino primário e profissional de um modo uniforme, além de transformar o ensino religioso em laico. Não tardou muito para que em 6 de Maio a primeira escola profissional fosse aberta no local anteriormente ocupado pelos Jesuítas. A 24 de Maio, uma comissão feminina foi instituída com a responsabilidade de organizar o ensino destinado às mulheres. A Delegação de Ensino ainda solicitou, em 17 de Maio, informações aos municípios acerca dos locais e estabelecimentos adequados à pronta instituição de escolas profissionais. A estas competia instruir os alunos não só profissionalmente, mas também oferecer-lhes uma instrução científica e literária. O fim prematuro da comuna impediu que essas propostas fossem levadas a cabo. No entanto, a apresentação de uma proposta preocupada em garantir a instrução como um direito de todos naquela sociedade é um exemplo que a história nos mostra acerca da importância de repensarmos as falhas produzidas por uma sociedade ao longo de sua construção. A eficácia da proposta de uma educação igualitária para todos os homens é, até nossos dias, um problema a ser resolvido e um desafio para muitas sociedades. CRONOLOGIA DA COMUNA DE PARIS - Noite de 17 para 18 de Março: O general Leconte tenta apoderar-se dos canhões da guarda nacional. Ele ordena abrir fogo sobre quem resista. É feito prisioneiro. - 18 de Março – as tropas e a população em armas confraternizam. Os insurrectos fuzilam os generais Lecomte e Clement Thomas. - 19 de Março – Thiers e o General Vinoy refugiam-se em Versalhes, onde se reúne a Assembleia Nacional. - 19 de Março a 02 de Abril – o Governo de Versalhes negocia com o comando Alemão a autorização para elevar de 40.000 para 80.000 e depois 100.000, o efectivo das tropas, destinadas a combater contra Paris revoltada. - 26 de Março – Eleições para a Comuna de Paris. - 31 de Março – A Comuna, considerando que a sua bandeira é a da República Universal, decide admitir estrangeiros em seu seio. - 02 de Abril – Combates de Coubevoie e da avenida de Neully. Um decreto da Comuna decide a separação entre a igreja e o Estado. - 07 de Abril – A Comuna substitui a bandeira tricolor pela bandeira vermelha. - 17 de Abril – Decreto sobre a expropriação, em proveito das sociedades operárias, das oficinas abandonadas. Eleições complementares dos membros da Comuna. - 18 de Abril – Lei sobre os vencimentos. Três anos de moratória são concedidos aos devedores a fim de regular seus débitos. - 01 de Maio – Formação do Comitê de Salvação Pública - 06 de Maio – Decreto sobre a restituição gratuita dos objectos penhorados à caixa de penhores por 20 francos ou menos. - 10 de Maio – Decreto sobre o sequestro dos bens de Thiers e sobre a demolição de sua casa. - 17 de maio - Explosão da cartucheira da Avenida Rapp atribuída a agentes de Versalhes .Mais de 100 vítimas. - 21 de Maio – Os habitantes de Versalhes entram pela porta de Saint Cloud. - 23 de Maio - Tomada de Montmartre ; primeiros massacres dos federados. - 24 de Maio – Incêndios do palácio da Legião de Honra, do Tribunal de Contas, do Conselho de Estado, do Panteão e do Luxemburgo. - 25 de Maio – Tomada do forte de Montrouge. - 26 de Maio – Tomada da Bastilha. Os federados fuzilam 34 reféns. - 28 de Maio – O massacre continua. É o fim da comuna.


( Adaptado do google)

segunda-feira, 5 de maio de 2008

Maio de 68


A Universidade de Nanterre fora criada em 1965 para acolher os estudantes que, por várias razões, não haviam entrado nas escolas superiores tradicionais Em 23 de Março de 1968, descontentes com a disciplina rígida, os currículos escolares e a estrutura académica conservadora, os estudantes de Paris organizaram protestos e boicotaram as aulas. A polícia, usando bastões e gás lacrimogéneo, atacou os estudantes que ocupavam a Sorbonne e realizou prisões em massa. Em 3 de Maio de 1968 a Sorbone foi ocupada pelos alunos como resposta ao encerramento da Universidade de Nanterre pelas autoridades francesas, no dia anterior. Daqui resultou uma onda de contestação e ocupações das universidades por toda a França. Atacados brutalmente pela polícia, os estudantes desceram às ruas denunciando não só a brutalidade e a repressão policial, mas também a guerra do Vietname e as políticas imperialistas dos governos francês e americano. A polícia do presidente De Gaulle usou de grande violência para restabelecer a ordem. O protesto estudantil contra o autoritarismo e o anacronismo das Academias rapidamente se transformou, com a adesão dos operários, numa contestação política ao regime gaulista. Estudantes e trabalhadores aderiram às manifestações e estiveram unidos nas greves entretanto desencadeadas ou nas barricadas com que enfrentaram as chamadas forças da ordem. Em 6 de Maio, ocorreu um confronto entre 13 mil jovens e a polícia. Esta atacou lançando bombas de gás lacrimogéneo e os jovens responderam à pedrada. Em 10 de Maio, os estudantes ergueram barricadas nas ruas centrais de Paris que davam acesso ao Quartier Latin, centro universitário da cidade. A maior batalha entre a polícia e os manifestantes deu-se nesta área e ficou a ser conhecida pela “Noite das barricadas”. Em 13 de Maio deu-se a primeira manifestação conjunta de estudantes e trabalhadores. Mais de um milhão de pessoas aderiu a uma greve geral e marchou pelas ruas de Paris em protesto contra as acções policiais dos dias anteriores. Em 17 de Maio, mais 200 000 trabalhadores entraram em greve. Nos dias que se seguiram, o número de trabalhadores que aderiu à primeira greve geral na História da França foi aumentando. 11 milhões de trabalhadores envolveram-se numa greve que durou mais de 2 semanas.
Em 24 de Maio, o presidente De Gaulle anunciou que o governo levaria a cabo as reformas pedidas pelos estudantes e garantiu um aumento salarial significativo para os trabalhadores grevistas. Enquanto isso, em Grenelle, delegados governamentais negociavam com os sindicatos uma série de melhorias sociais para pôr fim à greve geral dos trabalhadores e assim poder afastá-los dos estudantes. Em 29 de Maio, o general De Gaulle viajou até às bases francesas na Alemanha para obter apoio do general Massu para uma intervenção militar em Paris. A situação foi controlada nos finais de Maio, com uma violenta repressão de que resultou mais de milhão e meio de feridos. Em 30 de Maio, uma manifestação de cerca de 1 milhão de conservadores, a chamada “maioria silenciosa”, marchou em Paris contra a greve geral e as reivindicações dos estudantes. De Gaulle propôs uma solução eleitoral e graças a ela obteve uma significativa vitória nas eleições de 27 de Junho. Os gaullistas acabaram por aumentar a sua maioria. A partir de então, o movimento estudantil enfraqueceu. Mas o governo de De Gaulle, abalado por este movimento, acabou por cair. Em 27 de Abril de 1969 o general De Gaulle renunciou à presidência da República, depois de tê-la ocupado durante dez anos. Os acontecimentos de Paris fizeram parte de um movimento mais alargado de contestação que ocorreu em vários países europeus (Alemanha, Itália, Bélgica, Holanda, Suíça, Dinamarca, Espanha, Reino Unido, Polónia) e americanos (México, Argentina e Chile). Governos fascistas foram derrubados em Portugal e em Espanha, juntamente com a ditadura militar na Grécia. Em Inglaterra, uma greve de mineiros derrubou o Governo. Nos Estados Unidos, o presidente Nixon foi obrigado a renunciar e , aí, cresceu um grande movimento de oposição à guerra no Vietname, encabeçada pelos movimentos Hippie.


Desfolhada Portuguesa


Corpo de linho, lábios de mosto
Meu corpo lindo, meu fogo posto
Eira de milho, luar de Agosto
Quem faz um filho fá-lo por gosto.
É milho-rei, milho vermelho
Cravo de carne, bago de amor
Filho de um rei que sendo velho
Volta a nascer quando há calor.



Minha palavra dita à luz do sol nascente
Meu madrigal de madrugada
Amor, amor, amor, amor, amor presente
Em cada espiga desfolhada.
Minha raiz de pinho verde
Meu céu azul tocando a serra
Ó, minha mágoa e minha sede
Ao mar, ao sul da minha terra.
É trigo loiro, é além Tejo
O meu país neste momento
O sol, o queima, o vento, o beija
Seara louca em movimento.



Minha palavra dita à luz do sol nascente
Meu madrigal de madrugada
Amor, amor, amor, amor, amor presente
Em cada espiga desfolhada.
Olhos de amêndoa, cisterna escura
Onde se alpendra a desventura
Moira escondida, moira encantada
Lenda perdida, lenda encontrada.
Ó, minha terra, minha aventura
Casca de noz desamparada
Ó, minha terra, minha lonjura
Por mim perdida, por mim achada

Ary dos Santos



Meus Queridos Amigos, por falta de tempo, ainda não respondi aos desafios/ prémios que me propuseram/ ofereceram.
Pouco a pouco irei respondendo. João, desculpa, sei que estou em falta contigo mas irei responder-te. Renda, Filoxera, Silêncio Culpado, Amigona, Cvalente, Francisco do Essências ( premiaste o Mar à Vista mas vou responder-te neste blogue) desculpem-me. Não estão esquecidos. Jamais esquecerei a vossa amizade, a vossa dedicação, as palavras bonitas que me têm deixado. Blue Velvet, deste-me um presentinho mas não consigo copiá-lo. Explica-me , por favor, como o posso fazer.

O poema que hoje vos deixo, vem na sequência do dia que ontem comemorámos apesar de eu saber que Dias da Mãe, do Pai, de Natal, são todos os dias da nossa vida.

Que Maio seja também um mês que permaneça no nosso pensamento. Mês das flores , da Liberdade, da Generosidade, da Solidariedade...

domingo, 4 de maio de 2008

Para Ti, Minha Querida Mãe!

Esta rosa deu-me a Amigona. A flor preferida da minha mãe.





Para alguém sou o lírio entre os abrolhos,

E tenho as formas ideais de Cristo;

Para alguém sou a vida e a luz dos olhos,

E, se na Terra existe, é porque existo.




Esse alguém, que prefere ao namorado

Cantar das aves minha rude voz,

Não és tu, anjo meu idolatrado!

Nem, meus amigos, é nenhum de vós!





Quando, alta noite, me reclino e deito,

Melancólico, triste e fatigado,

Esse alguém abre as asas no meu leito,

E o meu sono desliza perfumado.




Chovam bênçãos de Deus sobre a que chora

Por mim além dos mares!esse alguém

É de meus olhos a esplendente aurora;

És tu, doce velhinha, ó minha mãe!

Gonçalves Crespo



Li este poema há muitos anos! Uns quarenta! Jamais o esqueci! Sempre to dediquei embora haja outros igualmente bonitos. Eras o meu poema, a flor que exalava um perfume raro em casa, a árvore principal daquele jardim onde dizias que eu era a flor mais bonita. Escrevo-te, recordo-te com as lágrimas nos olhos e a saudade a cavar um sulco doloroso, profundo, neste corpo que tu cuidaste com tanto carinho durante uma vida. Eras a estrela refulgente do meu universo, a água fresca e cristalina que me saciava a sede de todos os dias, eras a luz que me indicava os caminhos, eras a amiga de todas as horas.

Hoje, sem ti, sou barco à deriva, sou casa esventrada, sou flor sem fruto, sou poema sem rima, sou ave sem ninho, sou...sou...sou... tudo e não sou nada!

Lembras-te , mãe, daquele daquele dia em que me levaste ao colégio, pela primeira vez? Não queria lá ficar e a senhora professora, directora do colégio, afagou-me a cabeça, o rosto, falou-me com tanta ternura que acedi entrar na sala. Foram pouco mais de trinta minutos. Um choro convulsivo soltou-se-me do peito, quase sufoquei e foi difícil estancar aqueles lágrimas, aquela torrente que dos olhos se soltara. Tão angustiada estava que me lembro como se fosse hoje. Passaste a manhã , naquela quinta enorme, à minha espera.

E aquele dia, muito mais tarde, em que parti para Lisboa numa viagem sem fim? Está aqui, bem guardado e sentido no meu peito. Só assim serás alguém, minha filha - dizias! O comboio parecia não querer chegar ao Barreiro. O dia estava bonito mas eu não conseguia apreciar as paisagens.

E os outros dias, tantos, em que passeávamos no campo, a caminho das terras do avô? São inesquecíveis! Ias apanhando figos, sempre irresistíveis para ti. Nunca conseguiste passar por uma figueira que não apanhasses o figo mais maduro. E os morangos? Naquele tempo tinham um cheirinho!!!! O poço ainda está lá, ainda rega mas morangos já não há quem os cultive. Nem morangos nem flores. Agora são compradas nas estufas.

Mãe querida, já lá vão oito anos, oito longos anos de profunda saudade, de lágrimas, de dor. Encontrei, aqui nos meandros da blogosfera (eu sei que esta palavra nunca constou no teu dicionário) um amigo , um conterrâneo, o Vítor Barros, da Fonte da Murta, um mano que adoptei, que escreve como tu sempre gostaste de o fazer. Com alma, com verdade, com amizade. Encontrei outros amigos e amigas, e numa delas, pelo seu espírito solidário, pela sua capacidade de perdão, vejo-te a ti. E, fisicamente, até é parecida contigo.


Minha querida mãe, o sol vai alto, o mar , lá ao fundo, desafia-me e eu tenho de sair, comprar flores e ir ao teu encontro. Deixo-te um beijo do tamanho do nosso Amor. Hoje, amanhã, sempre....

sexta-feira, 2 de maio de 2008

Porque os Outros se Mascaram Mas tu Não



Porque os outros se mascaram mas tu não
Porque os outros usam a virtude
Para comprar o que não tem perdão.
Porque os outros têm medo mas tu não.
Porque os outros são os túmulos caiados
Onde germina calada a podridão.
Porque os outros se calam mas tu não.

Porque os outros se compram e se vendem
E os seus gestos dão sempre dividendo.
Porque os outros são hábeis mas tu não.

Porque os outros vão à sombra dos abrigos
E tu vais de mãos dadas com os perigos.
Porque os outros calculam mas tu não.


Sophia de Mello Breyner Andresen