segunda-feira, 30 de junho de 2008

Leonardo Fibonacci


Leonardo Pisano ou Leonardo de Pisa, nasceu nesta cidade italiana em 1170 e morreu em 1250. Foi o responsável, no começo do século XIII pela introdução da Aritmética e da Álgebra árabes no Ocidente. É considerado por alguns como o mais talentoso matemático da Idade Média. Ficou conhecido pela descoberta da sequência de Fibonacci. O apelido de família de seu pai foi "Bonacci" (homem de boa natureza) e ele mesmo, Fibonacci, que é o diminutivo de fillius Bonacci, que provavelmente seria filho de Bonacci. O pai dirigia um escritório comercial no norte da África e o jovem Leonardo muitas vezes viajou com ele. Lá, conheceu o sistema de numeração hindu. Fibonacci convenceu-se da superioridade dos algarismos árabes em comparação com os algarismos romanos, que eram utilizados pelos europeus à época. Viajou através dos países mediterrâneos para estudar junto de conhecidos matemáticos árabes de seu tempo. Em 1202, publicou Liber Abaci, Livro do Ábaco, que chegou a nós graças à sua segunda edição de 1228 . Este livro contém uma grande quantidade de assuntos relacionados com a Aritmética e Álgebra da época e realizou um papel importante no desenvolvimento matemático na Europa nos séculos seguintes pois foi por este livro que os europeus vieram a conhecer os algarismos hindus, também denominados árabes. A teoria contida no livro Liber Abacci é ilustrada com muitos problemas que representam uma grande parte do livro. Esclareceu o sistema de posição árabe dos números, inclusive o número zero. Este livro mostrou a oportunidade prática do novo sistema numeral, aplicando-o em contabilidade comercial, conversão de pesos e medidas, cálculo de percentagens e câmbio. O livro foi aceite com entusiasmo pela Europa educada e teve profundo efeito no pensamento europeu. Este elegante sistema de sinais numéricos, em breve, substituiu o não mais oportuno sistema de algarismos romanos. A sequência de Fibonacci consiste numa sequência de números, tais que, definindo os dois primeiros números da sequência como sendo 0 e 1, os números seguintes são obtidos através da soma dos seus dois antecessores. Portanto, os números são: 0,1,1,2,3,5,8,13,21,34,55,89,144,233,... Dessa sequência se extrai o número transcendental conhecido como número de ouro. Recentemente a sequência de Fibonacci tornou-se um tema célebre da cultura popular ao ser citada no livro e filme O Código Da Vinci de Dan Brown.

A história do enigmático número de ouro perde-se na antiguidade. No Egipto, as Pirâmides de Gizé foram construídas tendo em conta a razão áurea : A razão entre a altura de um face e metade do lado da base da grande pirâmide é igual ao número de ouro. O Papiro de Rhind (Egípcio) refere-se a uma «razão sagrada» que se crê ser o número de ouro. Construído muitas centenas de anos depois( entre 447 e 433 a. C.) , o Partenon na Acrópole de Atenas , templo representativo do século de Péricles contém a razão de Ouro no rectângulo que contém a fachada (Largura / Altura), o que revela a preocupação de realizar uma obra bela e harmoniosa. O escultor e arquitecto encarregado da construção deste templo foi Fídias. A designação adoptada para o número de ouro é a inicial do nome deste arquitecto - a letra grega f (Phi maiúsculo). Os Pitagóricos usaram também a secção de ouro na construção da estrela pentagonal.


quinta-feira, 19 de junho de 2008

Manuel Mendes


Manuel Joaquim Mendes nasceu em Lisboa a 18 de Janeiro de 1906 e aí faleceu a 4 de Maio de 1969.
Escritor, artista plástico e resistente anti-fascista, filho de José Joaquim Mendes, frequentou o curso de Histórico-Filosóficas ( o mesmo de Zeca Afonso) na Faculdade de Letras de Lisboa.
Como estudante, participou nas greves académicas de 1928 e 1931, acabando por não realizar as provas de licenciatura e os exames finais em protesto contra a situação. Iniciado na Maçonaria em 14 de Junho de 1930, usou o nome simbólico de Nemo.
Ligando ao grupo da Seara Nova e íntimo companheiro de homens como Raúl Proença, António Sérgio, Jaime Cortesão, Mário de Azevedo Gomes e Câmara Reys, interveio activamente na preparação das revoltas militares e civis que marcaram a primeira fase da resistência ao fascismo português até à Guerra Civil de Espanha, tendo sido importante agente de ligação entre homens como Jaime de Morais, Nuno Cruz, Moura Pinto, João Soares e Utra Machado.
Contra o fascismo, ficou conhecida a coragem com que, à frente de um grupo de companheiros, assaltou a esquadra de polícia do Rego para libertar Barreto Monteiro que estava a ser torturado pela , então, PVDE e mais tarde PIDE/ DGS.
Foi um dos promotores da reunião do Centro Almirante Reis, em 8 de Outubro de 1945, da qual resultou a criação ao Movimento da Unidade Democrática (MUD), ficando a fazer parte da Comissão Executiva da Comissão Distrital de Lisboa, integrando posteriormente a Comissão Central do MUD.
Em 16 de Dezembro de 1946, foi preso pela PIDE, tendo sido libertado no mesmo dia, mediante caução. Após a ilegalização do MUD, Manuel Mendes foi novamente preso, em 31 de Janeiro de 1948, juntamente com outros membros da Comissão Central e Distrital de Lisboa, tendo recolhido à cadeia do Aljube. Depois da sua libertação, ocorrida a 28 de Fevereiro, participou no movimento de apoio à candidatura do general Norton de Matos, integrando, a partir de Agosto de 1948, a comissão central dos serviços desta candidatura. No ano seguinte, seria novamente preso, para averiguações, “por actividades contra a Segurança do Estado, nomeadamente durante o último período eleitoral” (como consta da ficha da PIDE), ficando detido no Aljube entre 15 de Fevereiro e 23 de Março.
Em 1958, apoiou activamente a candidatura do General Humberto Delgado à Presidência da República, de que foi um dos mais próximos conselheiros.
Membro da Resistência Republicana e Socialista desde 1953, nela desenvolveu intensa actividade política, aderindo à ASP (Acção Socialista Portuguesa) em 1964. Nesta, foi um dos participantes desde a primeira hora, tendo tido uma intervenção fundamental na I Convenção, sendo eleito para sua Direcção.
Manuel Mendes fez largas incursões nas artes plásticas, mas destacou-se, sobretudo, pela sua actividade literária, colaborando ainda em numerosos jornais e revistas. Atento aos problemas do seu tempo, dotado de larga cultura e de fino humor, excelente observador da vida social da sua época, Manuel Mendes brandia repetidas vezes a arma da sátira contra os poderosos e os “espertos”, que abominava. Os seus escritos literários e as suas crónicas na imprensa demonstram o empenhado interesse pelas reformas político-sociais, pela arte e pela cultura em geral.

Como ficcionista, seguiu a estreia de Raúl Brandão e Aquilino Ribeiro. Como cronista do quotidiano, evocador de figuras e situações históricas, crítico e amador de artes plásticas, deixou também vasta obra. As suas posições políticas e o seu interesse pelas questões histórico-literárias manifestaram-se em conferências como Breve Perfil de Herculano (1945) e Oliveira Martins, o homem e a vida (l 947), para além da edição prefaciada e anotada do Testamento Político de D. Luís da Cunha (1943), bem como no livro sobre Antero de Quental (1942}. As suas inclinações artísticas estão presentes, designadamente, em Considerações sobre as Artes Plásticas (1944) e nas monografias sobre Machado de Castro (1942) e Rodin (1947). As suas observações sobre casos sociais estão presentes, entre outros, nos romances Bairro. Ainda está também por estudar a sua participação activa na redacção de milhares de panfletos e jornais clandestinos.
Casado com Berta Mendes, escreveu prefácios e notas para traduções realizadas por esta e publicadas na Biblioteca Cosmos, das quais destacam: O Elogio da Loucura de Erasmo, O Príncipe de Maquiavel e Utopia de Thomas More. Fez ainda várias traduções, como O Ruivo de Jules Renard e a Vida de Benvenuto Cellini.
Colaborou em diversas revistas e jornais das quais se destacam: Seara Nova, Revista de Portugal Vértice, Gazeta da Música e de todas as Artes, O Século, O Primeiro de Janeiro, A Capital e a República (onde manteve alguns anos uma crónica semanal). Foi colaborador da Biblioteca Cosmos da Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira.
Enquanto escultor, Manuel Mendes participou Salão dos Independentes e nos dois salões de 1946 e 1947 da Exposição Geral das Artes Plásticas, organizada pela Sociedade Nacional de Belas Artes. Entre as obras aí expostas figuravam os retratos de José Gomes Ferreira. Ofélia Marques, Miss Kastner e António Varela.
Frequentador assíduo da “Brasileira” e de tertúlias políticas e literárias, conviveu com Raul Brandão, António Sérgio, Raul Proença, Jaime Cortesão, Câmara Reys, Mário de Azevedo Gomes. Manuel Mendes surge representado no quadro de Abel Manta intitulado A Leitura, que retrata o grupo de intelectuais que se reuniam no consultório do Prof. Pulido Valente. Ao longo da sua vida juntou uma extensa biblioteca. O seu relacionamento estreito com os principais artistas plásticos do seu tempo levou-o a formar uma significativa amostra da pintura portuguesa contemporânea, coleccionando numerosas obras ao mesmo tempo que coleccionava cartas e outros manuscritos de escritores e personalidades da vida cultural e política. A sua casa foi sempre ponto de encontro de muitos dos seus amigos e companheiros - sendo instituída, em Agosto de 1977, Casa-Museu Manuel Mendes. Amigo íntimo de Aquilino Ribeiro, promoveu a campanha para que lhe fosse concedido o Prémio Nobel e juntou diversos materiais para a defesa jurídica no processo que a este foi levantado pela publicação do romance Quando os lobos uivam.
Morreu em Lisboa, em 1969, com 63 anos.
( Retratos de Manuel Mendes por Abel Manta e Sarah Afonso, mulher de Almada Negreiros e busto de Manuel Mendes por Barata Feyo). Texto e imagens tirados do google.

quarta-feira, 18 de junho de 2008

Vida Fácil ou Difícil?

As Meninas de Avignon ( Picasso) A família está em mutação. O direito à felicidade individual levou à democratização dos afectos e raros são os casos em que a partilha do leito conjugal dura o tempo de outrora. "Aguentar" a mesma pessoa noites a fio a respirar ao nosso lado parece ter passado de moda. É necessário manter o filtro do desejo, dizem, por muito mais tempo sob pena da dissolução definitiva do casamento. Por isso, casa-se cada vez mais tarde. Apesar do cheiro confortável do companheiro ou companheira, parece estar a perder-se a paciência para se sentir a cara dele ou dela junto do nosso pescoço, a mão pousada na coxa, o corpo nu encostado ao nosso. O jogo da sedução, preparar a roupa para o/a surpreender, usar aquele perfume que o/a deixa com os lábios colados ao nosso pescoço tende a desaparecer. Dizem-me que o stress da vida moderna o explica mas não fico convencida.Sexo e erotismo estão em pólos opostos e fazer sexo só por sexo, chega a ser indecoroso. Neste emaranhado de contradições sentimentais que ocorrem nos tempos de hoje, lembrei-me das mulheres de vida fácil. Tempos em que a traição era prato do dia. Hoje, apesar de tudo, a democratização afectiva não permite que esta situação sobreviva por muito tempo. Tão atractivas segundo uns, tão repelentes segundo outros, as mulheres de vida fácil há-as para todos os gostos e bolsas. Como se de mercadoria se tratassem! Em hotéis, pensões, quartos mais ou menos esconsos tudo serve para umas horas de" prazer". Sempre ouvi falar delas e recordo algumas, cujo nome não cheguei a conhecer e a quem ouvia chamar " mercadoria de pouca monta". Há muitos anos, ainda menina de tranças e laçarotes, quando ouvia falar delas, pensava que se referiam às mulheres que nunca tinham sentido qualquer privação . O destino tinha-se encarregado de lhes dar tudo: carros, jóias, casas, férias no estrangeiro, estadias em hotéis de luxo... Mais tarde, no despontar da puberdade, ouvi falar da profissão mais antiga do mundo e associavam-na a elas, às mulheres de vida fácil. Já adolescente, contaram-me que havia casas próprias para exercerem a "profissão" onde estavam devidamente identificadas, numeradas como cabeças de gado pela polícia . Era o tempo do Estado Novo. Havia sempre quem as procurasse na expectativa de encontrar o amor, depois de uma traição inesperada ou depois de discussão que descambara no desenlace de um compromisso já assumido. Outros, sabendo estar a dar um passo pouco firme não resistiam ao apelo de uma aventura amorosa de curta duração. Uma hora ou pouco mais. A baixo custo. Era-lhes forte e irresistível este desejo. Pecaminoso para uns, legítimo para outros. Mais tarde, mulher/ menina, comecei a vê-las ao pôr-do-sol, à noitinha, à beira da estrada e em certas zonas da cidade, menos frequentadas, menos iluminadas, à espera de clientes. Eles não faltavam e elas, depois de uma noite de " trabalho", entregavam o produto da venda do corpo a um homem, o seu chulo. Filhos, se os tinham, viam-nos esporadicamente em casa das amas , sobretudo quando iam pagar a mensalidade. Hoje, dou comigo a pensar se isto é vida fácil. Sê-lo-á? O que as terá levado a tomar este rumo na vida? Gostar muito de sexo? Não acredito! Eu sou mulher e sei que poucas, muito poucas, estarão lá por esta razão. Muitas estão doentes, provavelmente com doenças sexualmente transmissíveis, tão más ou piores do que as de outrora e continuam a vender o corpo. Tenho o maior respeito por quem leva esta vida. Não se bebe esta taça de horror de ânimo leve. O sexo puro e duro é amargo e desagua-se nele , às vezes, quase sem se dar conta disso. Afinal, vida fácil ou difícil?
“La Prostituta”(Escultura em terracota, Martini Arturo [1889-1947)





Hoje, fiquei mais pobre. Um amigo, o António Inglês do http://porentremontesevales.blogspot.com/ , vai suspender a sua actividade na blogosfera. Esta saída, ainda que temporária, é mais difícil de suportar do que qualquer comentário menos simpático e/ ou educado. Um bocado de mim parte com os amigos até que um dia... parto também.


Beijinhos , António! Que tenhas saúde e sejas feliz!



domingo, 15 de junho de 2008

Almada Negreiros (1893 - 1970)

José Sobral de Almada Negreiros, escritor e artista plástico, nasceu em S. Tomé e Príncipe, a 7 de Abril de 1893, na Roça da Saudade, e morreu a 15 de Junho de 1970 no Hospital de S. Luís dos Franceses, em Lisboa, no mesmo quarto onde morrera o seu amigo Fernando Pessoa. Completam-se hoje trinta e oito anos. Amigo de Fernando Pessoa, Almada desenvolveu além da literatura e da pintura a óleo, composições coreográficas para ballet, trabalhou em tapeçaria, gravura, pintura mural, caricatura, mosaico, azulejo e vitral. Almada Negreiros sempre se preocupou com a beleza e a sabedoria. Para ele "a beleza não podia ser ignorante e idiota tal como a sabedoria não podia ser feia e triste". Foi um pintor e um pensador, praticante de uma arte elaborada que pressupõe uma aprendizagem que não se esgota nas escolas de arte. Esta implica um percurso introspectivo e universal.


As Banhistas

O tema principal de Almada foi o número, a geometria (sagrada) e os seus significados, declarando que a sabedoria poética e a sabedoria reflectida têm entre elas a fronteira irredutível do número. Almada revela-se assim um neopitagórico sendo este seu lado a fonte mais profunda da sua inspiração e da sua criatividade e, segundo Lima de Freitas, a sua loucura central. Vulto cimeiro da vida cultural portuguesa durante quase meio século, contribuiu mais que ninguém para a criação, prestígio e triunfo do modernismo artístico em Portugal.

A Sesta
Na sua evolução como pintor, Almada passou do figurativismo e da representação convencional dos primeiros tempos, para a abstracção geométrica, matemática e numérica que caracteriza as suas últimas obras. A sua preocupação central foi a determinação do enigmático Ponto de Bauhütte. Essa procura ficou registada por vários textos, por numerosos traçados geométricos e por algumas pinturas a preto e branco que Almada foi acumulando, mas sem tornar público o fundo do seu pensamento. Antes de romper o quase segredo da sua busca, Almada realiza, para o Tribunal de Contas de Lisboa, um dos cartões para tapeçaria intitulado «O Número». ( Texto e imagens do Google)

O Número ; Tribunal de Contas de Lisboa ( 1958)

Por favor, consultem este blog http://somadeletras.blogspot.com/ onde encontrarão um excelente post de História de Portugal baseado numa pesquisa do Professor Alberto Iria, historiador algarvio, natural de Olhão. Conheça a história da Cidade, então Vila de Olhão, no dia 16 de Junho quando o povo expulsou as tropas napoleónicas da cidade.Completam-se amanhã 200 anos.

sexta-feira, 13 de junho de 2008

Fernando Pessoa faria hoje 120 Anos

Fernando Pessoa com 10 anos



Às quinze horas e vinte minutos do dia 13 de Junho de 1888 nascia, em Lisboa, o poeta Fernando Pessoa. Faria hoje 120 anos. O parto ocorreu no quarto andar esquerdo do nº 4 do Largo de São Carlos mesmo em frente do Teatro. Foi baptizado em 21 de Julho na Igreja dos Mártires, no Chiado. O nome Fernando António encontra-se relacionado com Santo António pois a sua família reclamava uma ligação genealógica com Fernando de Bulhões, nome de baptismo de Santo António cujo dia se comemora hoje. A sua infância e adolescência foram marcadas por factos que o influenciariam posteriormente. Às cinco horas da manhã de 24 de Julho de 1893, o pai morre com 43 anos vítima de tuberculose. A morte é reportada no Diário de Notícias do dia. Joaquim de Seabra Pessoa deixou-o com apenas cinco anos, a mãe e o seu irmão Jorge que viria a falecer no ano seguinte sem chegar a completar um ano. A mãe vê-se, então, obrigada a leiloar parte da mobília e mudam-se para uma casa mais modesta, o terceiro andar do n.º 104 da Rua de São Marçal. É também nesse período que surge o seu primeiro heterónimo, Chevalier de Pas, facto relatado pelo próprio Fernando Pessoa a Adolfo Casais Monteiro, numa carta de 1935 em que fala extensamente sobre a origem dos heterónimos.
Fernando Pessoa com 20 anos

Ainda no mesmo ano cria seu primeiro poema, um verso curto com a infantil epígrafe de " À Minha Querida Mamã". A mãe casa-se pela segunda vez, em 1895, por procuração, na Igreja de São Mamede em Lisboa, com o comandante João Miguel Rosa, cônsul de Portugal em Durban,África do Sul, o qual havia conhecido um ano antes. Em África, Pessoa viria a demonstrar possuir desde cedo talento para a literatura. Devido ao casamento da mãe, muda-se para Durban, onde passa a maior parte da sua juventude. Aí recebe uma educação britânica, que lhe proporciona um profundo contacto com a língua inglesa. Os seus primeiros textos e estudos são feitos em inglês. Mantém contacto com a literatura inglesa através de autores como Shakespeare, Edgar Allan Poe, John Milton, Lord Byron, John Keats, Percy Shelley, Alfred Tennyson, entre outros. O inglês teve grande destaque na sua vida, trabalhando com o idioma quando, mais tarde, se torna correspondente comercial em Lisboa, além de o utilizar em alguns dos seus textos e traduzir trabalhos de poetas ingleses, como O Corvo e Annabel Lee de Edgar Allan Poe. Com excepção de Mensagem, os únicos livros publicados em vida são os das colectâneas dos seus poemas ingleses: Antinous e 35 Sonnets e English Poems I - II e III, escritos entre 1918 e 1921.
Faz a instrução primária na escola de freiras irlandesas da West Street, onde realiza a sua primeira comunhão e percorre em três anos o equivalente a cinco. Em 1899 ingressa na Durban High School, onde permanecerá durante três anos e será um dos primeiros alunos da turma. Nesse mesmo ano cria o pseudónimo Alexander Search, no qual envia cartas a si mesmo utilizando esse nome. No ano de 1901 é aprovado com distinção no seu primeiro exame da Cape Scholl High Examination e escreve os primeiros poemas em inglês. De férias, vem em 1901 com a família para Portugal. Em Lisboa, mora com a família em Pedrouços e, depois, na Avenida de D. Carlos I, n.º109, 3º. Esqd. Viaja com o padrasto, a mãe e os irmãos para a Ilha Terceira, nos Açores, onde vive a família materna. Também viajam, depois, para Tavira, Algarve, onde vão visitar os parentes paternos. Nessa época escreve a poesia "Quando ela passa".




Fernando Pessoa pintado por Almada Negreiros

Quando todos regressam para Durban: a mãe, o padrasto, os irmãos e a criada Paciência, Fernando Pessoa fica em Lisboa. Volta sozinho para a África no vapor Herzog. Na mesma época, tenta escrever romances em inglês e matricula-se na Commercial School. Estuda à noite enquanto de dia se ocupa com disciplinas humanísticas. Em 1903, candidata-se à Universidade do Cabo da Boa Esperança. Na prova de exame para a admissão, não obtém uma boa classificação, mas tira a melhor nota entre os 899 candidatos no ensaio de estilo inglês. Recebe por isso o Queen Victoria Memorial Prize (Prémio Rainha Vitória). Um ano depois novamente ingressa na Durban High School onde frequenta o equivalente a um primeiro ano universitário. Aprofunda a sua cultura, lendo clássicos ingleses e latinos; escreve poesia e prosa em inglês e surgem os heterónimos Charles Robert Anon e H. M. F. Lecher. Por fim, encerra os seus estudos na África do Sul após realizar na Universidade o «Intermediate Examination in Arts», adquirindo bons resultados.Deixando a família em Durban, regressou definitivamente à capital portuguesa, sozinho, em 1905. Passa a viver com a avó Dionísia e as duas tias na Rua da Bela Vista, 17. A mãe e o padrasto também retornam a Lisboa, durante um período de férias de um ano em que Pessoa volta a morar com eles. Continua a produção de poemas em inglês e em 1906 matricula-se no Curso Superior de Letras, actual Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, que abandona sem sequer completar o primeiro ano. É nesta época que entra em contacto com importantes escritores de literatura da língua portuguesa. Interessa-se pela obra de Cesário Verde e pelos sermões do Padre António Vieira.
Em Agosto de 1907, morre a sua avó Dionísia, deixando-lhe uma pequena herança. Com esse dinheiro, monta uma pequena tipografia, que rapidamente faliu, na Rua da Conceição da Glória, 38-4.º, sob o nome de «Empresa Íbis — Tipografia Editora — Oficinas a Vapor».




Na baixa lisboeta

A partir de 1908, dedica-se à tradução de correspondência comercial, um trabalho que poderíamos chamar de "correspondente estrangeiro". Nessa profissão trabalha a vida toda, tendo uma modesta vida pública.Inicia a sua actividade de ensaísta e crítico literário com a publicação, em 1912, na revista «Águia», do artigo «A nova poesia portuguesa sociologicamente considerada», a que se seguiriam outros.
Pessoa é internado no dia 29 de Novembro de 1935, no Hospital de São Luís dos Franceses, com diagnóstico de "cólica hepática" falecendo de suas complicações, possivelmente associada a uma cirrose hepática provocada pelo óbvio excesso de álcool ao longo da sua vida .No dia 30 de Novembro morre aos 47 anos. Nos últimos momentos da sua vida pede os óculos e clama pelos seus heterónimos. A sua última frase é escrita no idioma no qual foi educado, o inglês: I know not what tomorrow will bring (Eu não sei o que o amanhã trará). A vida do poeta foi dedicada a criar e ,de tanto criar, outras vidas gerou através de seus heterónimos, o que foi a sua principal característica. Alguns críticos questionam se Pessoa realmente teria transparecido o seu verdadeiro eu, ou se tudo não tivesse passado de mais um produto de sua vasta criação. Ao tratar de temas subjetivos e usar a heteronímia, Pessoa torna-se enigmático ao extremo. Este facto move grande parte das buscas para estudar sua obra. O poeta e crítico brasileiro Frederico Barbosa declara que Fernando Pessoa foi "o enigma em pessoa". Escreveu desde sempre, com seu primeiro poema aos sete anos e pondo-se a escrever até mesmo no leito de morte. Importava-se com a intelectualidade do homem, e pode-se dizer que sua vida foi uma constante divulgação da língua portuguesa, visto que, nas próprias palavras do poeta, ditas pelo heterónimo Bernardo Soares, "minha pátria é a língua portuguesa" ( google/ imagens e texto)

Ricardo Reis

quinta-feira, 12 de junho de 2008

Santo António de Lisboa

Marchas Populares

Em Portugal, Santo António é venerado na cidade de Lisboa a 13 de Junho, feriado municipal da cidade. As festas em sua honra começam logo na noite do dia 12 e, todos os anos, a cidade organiza as marchas populares, grande desfile alegórico que desce a Avenida da Liberdade, no qual competem os diferentes bairros. Um grande fogo de artifício costuma encerrar o desfile. Os rapazes compram um manjerico para oferecer à namorada no qual vem uma bandeirinha com uma quadra popular quase sempre brejeira . A festa dura toda a noite e, um pouco por toda a cidade, há arraiais populares, locais de animação engalanados onde se comem sardinhas assadas na brasa, febras de porco, caldo verde acompanhados de vinho tinto. Ouve-se música popular e dança-se até de madrugada, sobretudo no muito antigo e típico Bairro de Alfama.


Vaso de manjerico com quadra popular

Santo António nasceu em Lisboa, a 15 de Agosto de 1195 e morreu em Pádua a 13 de Junho de 1231. Na Pia Baptismal, recebeu o nome de Fernando Martim de Bulhões e Taveira Azevedo , filho de Martim de Bulhões e de Maria Teresa Taveira Azevedo. É também conhecido como Santo António de Pádua, por ter vivido e falecido nessa cidade italiana. Regra geral, os santos são conhecidos pelo nome da cidade onde falecem e onde permanecem as suas relíquias – pois que, na doutrina cristã, a morte é que a passagem para a vida eterna.

Aos quinze anos entrou para um convento de Cónegos Regrantes de Santo Agostinho e em 1220, com vinte e cinco anos, impressionado pela pregação de alguns frades que conheceu em Coimbra enquanto estudava no Mosteiro de Santa Cruz, trocou o seu nome por António e ingressou na Ordem dos Franciscanos.
Leccionou ainda Teologia em várias universidades europeias, tendo passado os últimos meses da sua vida em Pádua, Itália, onde viria a falecer no bairro de Arcella.
É o santo padroeiro da cidade de Pádua. Ao contrário do que é corrente pensar, Santo António não é o santo padroeiro da cidade de Lisboa, lugar que é ocupado por São Vicente.


Em 1934, o Papa Pio XI proclamou-o segundo padroeiro de Portugal, a par de Nossa Senhora da Conceição.
Muitas das suas estátuas e imagens representam-no envergando o traje dos frades menores, segurando o Menino Jesus sobre um livro, enquanto outras o mostram a pregar aos peixes , objecto de um sermão do Padre António Vieira, séculos mais tarde, tal como São Francisco pregava aos pássaros. Além disso, é ainda considerado padroeiro dos pobres, sendo invocado para ajudar a encontrar objectos perdidos, numa oração conhecida como responso.
É também considerado um santo casamenteiro por, segundo uma lenda, ser um excelente conciliador de casais.

Igreja de Santo António


terça-feira, 10 de junho de 2008

Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas


Após a Implantação da República, a 5 de Outubro de 1910, foram desenvolvidos trabalhos legislativos e logo em 12 de Outubro, muito antes da 1ª Constituição Republicana, saiu um decreto estipulando os feriados nacionais . Alguns desapareceram, nomeadamente os ditos feriados religiosos, uma vez que o objectivo da República era justamente laicizar a sociedade e subtraí-la à influência da igreja. Assim, ficaram consignados, por este decreto de 12 de Outubro de 1910, o Primeiro de Janeiro, dia da Fraternidade Universal; o 31 de Janeiro, que evocava a revolta armada no Porto, falhada, contra a monarquia, em 1891, consagrado aos Mártires da República; o 5 de Outubro, vocacionado para louvar os Heróis da República; o 1º de Dezembro, que era o Dia da Autonomia e o Dia da Bandeira e o 25 de Dezembro, que passou a ser considerado o Dia da Família, tentando também laicizar essa festa religiosa que era o Natal. O decreto de 12 de Junho dava , ainda, aos municípios e concelhos a possibilidade de escolherem um dia do ano que representasse as suas festas tradicionais e municipais. Daí a origem dos feriados municipais. Lisboa escolheu para feriado municipal o 10 de Junho, em honra de Camões, uma vez que a data era apontada como sendo a da morte do poeta. Camões representava justamente o génio da pátria, representava Portugal na sua dimensão mais esplendorosa e mais genial. Era essencialmente este o significado que os republicanos atribuíam ao 10 de Junho, apesar de ser um feriado exclusivamente municipal no tempo da 1ª República. Os republicanos de Lisboa evocavam a jornada gloriosa que tinham sido as comemorações camonianas de 1880, uma das primeiras manifestações das massas republicanas em plena monarquia.O Partido Republicano formara-se quatro anos antes. O 10 de Junho fica muito próximo da festa religiosa que é o 13 de Junho, ou seja, o dia de Santo António, essa sim tradicionalmente feita e realizada em Lisboa. Com esta proximidade de datas, os Republicanos tentaram de certa forma esbater o 13 de Junho, em favor do 10 de Junho, Dia de Camões. Este dia começou a ser particularmente exaltado com o Estado Novo, um regime instituído em Portugal, em 1933, sob a direcção de António de Oliveira Salazar. É nessa altura que o dia de Camões passa a ser festejado a nível nacional. Durante o Estado Novo, o 10 de Junho continuou a ser o Dia de Camões, procurando o regime dar alguma continuidade a muitos aspectos que vinham da República. Apropriou-se de determinados heróis da República, mas não no sentido que os Republicanos lhe queriam dar. O Estado Novo ampliou alguns desses aspectos num sentido nacionalista e de comemoração colectiva histórica, numa vertente comemorativista e propagandística. E assim tivemos a criação de mais um feriado em Portugal. Com a Implantação da Democracia, em 25 de Abril de 1974, as comemorações foram alargadas às Comunidades Portuguesas no mundo homenageando assim os cinco milhões de Portugueses que se encontram no estrangeiro e de forma tão condigna representam a Pátria . ( google)

Parabéns, António, Meu Querido Amigo!




Mal nos conhecemos Inaugurámos a palavra amigo! Amigo é um sorriso De boca em boca, Um olhar bem limpo Uma casa, mesmo modesta, que se oferece. Um coração pronto a pulsar Na nossa mão! Amigo (recordam-se, vocês aí, Escrupulosos detritos?) Amigo é o contrário de inimigo! Amigo é o erro corrigido, Não o erro perseguido, explorado. É a verdade partilhada, praticada. Amigo é a solidão derrotada! Amigo é uma grande tarefa, Um trabalho sem fim, Um espaço útil, um tempo fértil, Amigo vai ser, é já uma grande festa!




Alexandre O`Neill


O António Inglês, meu querido amigo do http://porentremontesevales.blogspot.com/ faz hoje um aninho. Passem por lá e dêem-lhe os parabéns.

Sê Feliz, António!

Parabéns, Jorge Guedes! Obrigada, Amigo!


O Sino da Aldeia, http://osinodaaldeia.blogspot.com/ faz dois anos. Vamos todos
dar-lhe os parabéns!


O Sino da Aldeia faz-nos falta. Porque avisar é preciso!

domingo, 8 de junho de 2008

A Batalha de La Lys

A Batalha do Lys ou Batalha de La Lys, também conhecida como Batalha de Ypres 1918, ou ainda Quarta Batalha de Ypres , e como Batalha de Armentières pelas historiogafias britânica e alemã, travou-se entre 9 e 29 de Abril de 1918, no vale da La Lys ( ribeira) , na região da Flandres, na Bélgica.
Nesta batalha, que marcou a participação de Portugal na Primeira Guerra Mundial, os exércitos alemães infligiram uma estrondosa derrota às tropas portuguesas, constituindo a maior catástrofe militar portuguesa depois da batalha de Alcácer-Quibir, em 1578.
A frente de combate distribuía-se numa linha de 55 quilómetros, entre as localidades de Gravelle e de Armentiéres, guarnecida pelo 11° Corpo Britânico, com cerca de 84.000 homens, entre os quais se compreendia a 2ª divisão do Corpo Expedicionário Português (CEP), constituída por cerca de 20 000 homens, dos quais, mais de 15 000 estavam nas primeiras linhas, comandados pelo general Gomes da Costa. Estes viram-se impotentes para conter o embate de oito divisões do 6º Exército Alemão, com cerca de 55 000 homens comandados pelo general Ferdinand von Quast . A ofensiva alemã, montada por Erich Ludendorff, ficou conhecida como ofensiva "Georgette" e visava a tomada de Calais e Boulogne-sur-Mer. As tropas portuguesas, em apenas quatro horas de batalha, perderam cerca de 7.500 homens entre mortos, feridos, desaparecidos e prisioneiros, mais de um terço dos efectivos, entre os quais 327 oficiais.


De entre as várias razões apontadas para esta derrota, segundo vários historiadores, conta-se a alteração da política de beligerância do Corpo Expedicionário Português. Sidónio Pais, colocado em Dezembro de 1917 na Presidência da República, alterou profundamente a política seguida anteriormente pelo Partido Democrático e muitos oficiais com experiência de guerra foram chamados a Lisboa por razões de perseguição política ou de favor político. Alguns oficiais, com maior poder económico e de influência, regressaram a Portugal mas não voltaram para ocupar os seus postos.
Moralmente, o exército estava tão afectado, vendo-se entregue à sua sorte, que houve insubordinações, deserções e suicídios.
O ataque alemão deu-se no dia em que as tropas lusas tinham recebido ordens para, finalmente, serem deslocadas para posições mais à rectaguarda.
As tropas britânicas recuaram nas suas posições, deixando expostos os flancos do CEP, facilitando o seu envolvimento e aniquilação.
O resultado da batalha já era esperado por alguns oficiais como Gomes da Costa e Sinel de Cordes que, por diversas vezes, tinham comunicado ao governo português o estado calamitoso das tropas.
No entanto, é de realçar o facto de a ofensiva "Georgette" se tratar duma ofensiva já próxima do desespero, planeada pelo alto comando da Alemanha Imperial para causar a desorganização em profundidade da Frente Aliada antes da chegada das tropas Norte-Americanas que nessa altura já se encontravam a caminho da Europa.
O objectivo de Ludendorff consistia em atacar fortemente os flancos do CEP, consciente que os flancos das linhas Portuguesa e Britânica vizinha recuariam para o interior das suas zonas defensivas em vez de manterem uma frente coerente, abrindo assim uma larga passagem por onde a infantaria alemã se poderia lançar. Coerente com esta táctica, e para assegurar que os flancos do movimento alemão não ficavam desprotegidos, os estrategas alemães decidiram simplesmente arrasar o sector português com a sua incomparável superioridade. ( Google)




quarta-feira, 4 de junho de 2008

Fazes-me Falta!






Há dezasseis meses que partiste. A saudade continua a minar-me e este nó que sinto no peito teima em ficar. As recordações gratas, inesquecíveis, que nos deixaste, são tantas que não consigo perceber por que não te preocupaste mais com a tua saúde.O médico disse-te tantas vezes que tinhas de deixar o tabaco e não acreditaste que o fim estivesse tão próximo. Foi tudo tão rápido! Aquele sábado amanhecera bonito, fazia um sol radioso e passaste a manhã nas compras. Encontrei-te no café, feliz, entre as onze e o meio-dia, e, juntas, estivemos um bocadinho à conversa. As primeiras rugas estavam a preocupar-te e falavas em fazer um" lifting", uma lipoaspiração, porque o estômago estava um bocadinho saliente, acabaras de encomendar um novo creme para te dar luminosidade ao rosto e nem uma referência fizeste ao consumo de tabaco. Estavas a enganar-te! O cigarro na mão, a conversa fluía, os olhos brilhavam, o teu sorriso rasgado contagiava tudo e todos. Falámos dos teus anos, poucos dias depois, querias comprar umas botas castanhas, altas, porque o Paulo era muito alto e querias diminuir a distância que vos separava. Irias ao Porto, no fim de semana, e o teu objectivo era deixá-lo ainda mais apaixonado. Deixei-te pouco depois do meio-dia. Ia almoçar com uns amigos lá para os lados de Albufeira, tomaria café no Almansor, no Carvoeiro, sobre o mar e encontrar-nos-íamos ao fim da tarde. Também foste almoçar com um amigo e, depois, segundo me contaram, registaste o euromilhões. Uma réstea de esperança de que um dia acabarias rica, farias uma viagem à volta do mundo, passarias uma temporada no tal spa de luxo para eliminar celulites persistentes, gorduras localizadas, resistentes, alguma flacidez que começava a surpreender-te aqui e acolá. Transportavas um baú de sonhos que tu própria destruíste .Voltei a encontrar-te por volta das dezassete e trinta. Parecias estar a dormir no sofá do escritório e não reagias ao meu apelo. Alarmada, agarrei-te, sacudi-te, chamei por ti várias vezes mas não respondeste uma única palavra. Já cá não estavas! Tantos sonhos, tanta vontade de viver e tanta dificuldade em acabar com o vício que traiçoeiramente te levou. O coração parou para sempre.Choro-te! Chorar-te-ei eternamente! Numa família grande, perder um familiar é uma tragédia irreparável mas numa família pequena, como a nossa, é uma hecatombe. A quem me agarro agora, Paula? Com quem desabafo? E tinhas tudo para ser feliz! Nunca acreditaste que a tua vida estava por um fio. E afinal esse fio, entre a vida e a morte, é tão ténue! Eu daria tanto para que regressasses ao nosso convívio, ao nosso lar. Tudo ficou desmoronado e nada mais foi igual!

domingo, 1 de junho de 2008

A Menina Está no Berço




Tendo a mãe de se ausentar
Disse à filha mais velhinha:
“Fica tu em meu lugar
De guarda à nossa casinha;

A menina está no berço,
Embala-a suavemente.
Entretendo a inocente
Com esta cantiga em verso:

Passarinhos, vinde em bando
A ver anjinho tão lindo
Que a mana está embalando
Contente de o ver dormindo.

João de Deus



Após a Segunda Guerra Mundial, as crianças de todo o mundo enfrentavam grandes dificuldades. A alimentação era deficiente, os cuidados médicos escassos, os pais não tinham dinheiro, viviam com muitas dificuldades, retiravam os filhos da escola e punham-nos a trabalhar de sol a sol. Mais de metade das crianças europeias não sabia ler nem escrever.
Em 1950, a Federação Democrática Internacional das Mulheres, propôs às Nações Unidas que se comemorasse um dia dedicado a todas as crianças do Mundo.
Os Estados Membros das Nações Unidas, - ONU - reconhecendo que as crianças, independentemente da raça, cor, sexo, religião e origem nacional ou social, necessitam de cuidados e atenções especiais, precisam de ser compreendidas, preparadas e educadas de modo a terem possibilidades de usufruir de um futuro condigno e risonho, propuseram o dia 1 de Junho, como Dia Mundial da Criança.
Nunca é demais lembrar, até porque poucas vezes isso tem sido feito, quais os direitos que assistem especificamente às crianças, e que estão consagrados na Convenção sobre os Direitos da Criança que foi elaborada em 1989 pelas Nações Unidas, que tiveram em consideração, entre outras coisas, o indicado na Declaração dos Direitos da Criança, adoptada em 20 de Novembro de 1959 pela Assembleia Geral desta Organização, que dizia que “a criança, por motivo da sua falta de maturidade física e intelectual, tem necessidade de uma protecção e cuidados especiais...”.
A ONU reconheceu também que “em todos os países do mundo há crianças que vivem em condições particularmente difíceis , a quem importa assegurar uma atenção especial, tendo devidamente em conta a importância das tradições e valores culturais de cada povo para a protecção e o desenvolvimento harmonioso da criança e a importância da cooperação internacional para a melhoria das condições de vida das crianças em todos os países, em particular nos países em desenvolvimento.” ( Google)