domingo, 14 de setembro de 2008
Mais um ano!
Acabaram, por agora, os dias no campo e , simultaneamente, os de praia. Setembro ainda está quente, por ora seco, a vida corre calma. Poucos meses antes, começara o seu interesse pela blogosfera e começou a fazer os primeiros amigos virtuais.Sentada na mesma mesa de sempre, junto da mesma janela, na sala onde faço amizades que julgo para a vida, recordo estes meses passados num meio onde as pessoas ainda mantêm laços de vizinhança à antiga. Pedem uma folha de louro, um ramo de coentros, uma cabeça de alhos, uns ovos emprestados. Agora chegou a hora de fazer as malas e retornar à cidade. Sinto saudades dos amigos. A amizade é o amor na sua expressão mais sublime, diz um amigo seu. A amizade é uma obsessão, uma necessidade, um pilar indispensável para que eu prossiga a minha caminhada. Foi nesta sala que fiz muitos amigos virtuais. Aproximámo-nos lentamente. Eu comentava eles retribuíam. O ar quente da manhã impregnado de aromas campestres entra pela janela, entreaberta,e recordo alguns que partiram, com lágrimas à mistura. É assim a saudade. A buganvília, testemunha silenciosa das minhas palavras, continua florida. A roseira também. Mas há mais flores. E quase todas represetam amigos. A rosa salmão é a mais importante. As dálias já não estão em flor. Nem as camélias. Levanto-me cedo todos os dias. Já não sou tão madrugadora mas gosto de sentir a brisa fresca da manhã, ouvir o canto dos pássaros, dos galos, as galinhas a cacarejar, os melros a piar e os passaritos a comer no prato de barro, sobre o poço, que comprei de propósito para eles. Com bebedouro e tudo. Foi aqui que todos os dias vim ao vosso encontro e só saía quando o sol, quente e luminoso, me chamava para a praia . Era quase um namoro tanto era o prazer do encontro e , depois, da conversa. E , assim, ao amanhecer marcavam o encontro do serão. E tudo tinha acontecido tão acidentalmente!E ficavam até perto das dez horas num diálogo quente, bem disposto, expondo pensamentos e opiniões. Em seguida, preparava-se e partia para a praia. Mas aqueles instantes da manhã eram maravilhosos. À noite, encontravam-se depois do jantar, conforme o combinado, e por lá fica vam mais um bocado. Nove de Agosto, foi noite de lua cheia e ela deitou-se tarde. Não é noctívaga mas ,nessa noite, saiu, olhou a lua e formulou três desejos. Têm seguido os trilhos que tão convictamente pediu.Se há momentos mágicos na vida, aquele era-o na sua. Na dele também. Tinha a certeza. Ela sentia-se a pairar, entre o céu e a terra, num espaço quase etéreo.Depois, com o Outono, aquela fase acabou e deu lugar a outra, em que, depois do almoço, ou a meio da tarde, não dispensavam o "café" tomado sem pressa, quase um passatempo em que aquele que primeiro o acabasse dava um beijo no outro, um abraço, uma carícia.Ela sempre acreditou na magia do amor. E acredita. E assim foram acontecendo encontros que deram lugar a uma grande cumplicidade, a uma partilha de sentires tão perfeita que a amizade criou raízes profundas. Quando o " encontra" sente uma vertigem percorrer-lhe o corpo, uma alegria que não tem palavras para a descrever.Indizível, mesmo! Ele é, para ela , uma fortaleza, inexpugnável, onde sente a protecção que tanto precisa.Costuma dizer que , quando fala com ele, vive um romance que depois passa para um diário. Esse , sim, talvez venha a ser, um dia, um romance escrito.E estava ela bem longe de imaginar que aquele amigo virtual, já real, viria a ser uma parte imprescindível da sua vida! Adora-o! Adorá-lo-á! Sempre!
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