terça-feira, 18 de janeiro de 2011

As palavras



São como um cristal,
as palavras.
Algumas, um punhal,
um incêndio.
Outras,
orvalho apenas.

Secretas vêm, cheias de memória.
Inseguras navegam:
barcos ou beijos,
as águas estremecem.

Desamparadas, inocentes,
leves.
Tecidas são de luz
e são a noite.
E mesmo pálidas
verdes paraísos lembram ainda.

Quem as escuta? Quem
as recolhe, assim,
cruéis, desfeitas,
nas suas conchas puras?

Eugénio de Andrade


Hoje, 19 de Janeiro, Eugénio de Andrade faria 88 anos.

5 comentários:

João Roque disse...

Já estão dois dos meus quatro poetas portugueses preferidos: Sophia e Andrade; difícil é postar sobre os dois restantes...

Zé Povinho disse...

No dia do seu aniversário.
Acabei de postar este mesmo poema...
Abraço do Zé

Branca disse...

Que bom teres-te lembrado deste querido poeta e de um dos seus mais lindos poemas.
Gostei de recordar.

Beijinhos com muita amizade.
Branca

Espaço do João disse...

Sei que nada sei... Mas as palavras são como pedras, depois de atiradas, podem magoar e, não voltam atrás.

Ana disse...

As palavras de Eugénio de Andrade são imortais! Obrigada por as trazeres !