Para alguém sou o lírio entre os abrolhos,
E tenho as formas ideais de Cristo;
Para alguém sou a vida e a luz dos olhos,
E, se na Terra existe, é porque existo.
Esse alguém, que prefere ao namorado
Cantar das aves minha rude voz,
Não és tu, anjo meu idolatrado!
Nem, meus amigos, é nenhum de vós!
Quando, alta noite, me reclino e deito,
Melancólico, triste e fatigado,
Esse alguém abre as asas no meu leito,
E o meu sono desliza perfumado.
Chovam bênçãos de Deus sobre a que chora
Por mim além dos mares!esse alguém
É de meus olhos a esplendente aurora;
És tu, doce velhinha, ó minha mãe!
Gonçalves Crespo
Gonçalves Crespo
Li este poema há muitos anos! Uns quarenta! Jamais o esqueci! Sempre to dediquei embora haja outros igualmente bonitos. Eras o meu poema, a flor que exalava um perfume raro em casa, a árvore principal daquele jardim onde dizias que eu era a flor mais bonita. Escrevo-te, recordo-te com as lágrimas nos olhos e a saudade a cavar um sulco doloroso, profundo, neste corpo que tu cuidaste com tanto carinho durante uma vida. Eras a estrela refulgente do meu universo, a água fresca e cristalina que me saciava a sede de todos os dias, eras a luz que me indicava os caminhos, eras a amiga de todas as horas.
Hoje, sem ti, sou barco à deriva, sou casa esventrada, sou flor sem fruto, sou poema sem rima, sou ave sem ninho, sou...sou...sou... tudo e não sou nada!
Lembras-te , mãe, daquele daquele dia em que me levaste ao colégio, pela primeira vez? Não queria lá ficar e a senhora professora, directora do colégio, afagou-me a cabeça, o rosto, falou-me com tanta ternura que acedi entrar na sala. Foram pouco mais de trinta minutos. Um choro convulsivo soltou-se-me do peito, quase sufoquei e foi difícil estancar aqueles lágrimas, aquela torrente que dos olhos se soltara. Tão angustiada estava que me lembro como se fosse hoje. Passaste a manhã , naquela quinta enorme, à minha espera.
E aquele dia, muito mais tarde, em que parti para Lisboa numa viagem sem fim? Está aqui, bem guardado e sentido no meu peito. Só assim serás alguém, minha filha - dizias! O comboio parecia não querer chegar ao Barreiro. O dia estava bonito mas eu não conseguia apreciar as paisagens.
E os outros dias, tantos, em que passeávamos no campo, a caminho das terras do avô? São inesquecíveis! Ias apanhando figos, sempre irresistíveis para ti. Nunca conseguiste passar por uma figueira que não apanhasses o figo mais maduro. E os morangos? Naquele tempo tinham um cheirinho!!!! O poço ainda está lá, ainda rega mas morangos já não há quem os cultive. Nem morangos nem flores. Agora são compradas nas estufas.
Mãe querida, já lá vão oito anos, oito longos anos de profunda saudade, de lágrimas, de dor. Encontrei, aqui nos meandros da blogosfera (eu sei que esta palavra nunca constou no teu dicionário) um amigo , um conterrâneo, o Vítor Barros, da Fonte da Murta, um mano que adoptei, que escreve como tu sempre gostaste de o fazer. Com alma, com verdade, com amizade. Encontrei outros amigos e amigas, e numa delas, pelo seu espírito solidário, pela sua capacidade de perdão, vejo-te a ti. E, fisicamente, até é parecida contigo.
Hoje, sem ti, sou barco à deriva, sou casa esventrada, sou flor sem fruto, sou poema sem rima, sou ave sem ninho, sou...sou...sou... tudo e não sou nada!
Lembras-te , mãe, daquele daquele dia em que me levaste ao colégio, pela primeira vez? Não queria lá ficar e a senhora professora, directora do colégio, afagou-me a cabeça, o rosto, falou-me com tanta ternura que acedi entrar na sala. Foram pouco mais de trinta minutos. Um choro convulsivo soltou-se-me do peito, quase sufoquei e foi difícil estancar aqueles lágrimas, aquela torrente que dos olhos se soltara. Tão angustiada estava que me lembro como se fosse hoje. Passaste a manhã , naquela quinta enorme, à minha espera.
E aquele dia, muito mais tarde, em que parti para Lisboa numa viagem sem fim? Está aqui, bem guardado e sentido no meu peito. Só assim serás alguém, minha filha - dizias! O comboio parecia não querer chegar ao Barreiro. O dia estava bonito mas eu não conseguia apreciar as paisagens.
E os outros dias, tantos, em que passeávamos no campo, a caminho das terras do avô? São inesquecíveis! Ias apanhando figos, sempre irresistíveis para ti. Nunca conseguiste passar por uma figueira que não apanhasses o figo mais maduro. E os morangos? Naquele tempo tinham um cheirinho!!!! O poço ainda está lá, ainda rega mas morangos já não há quem os cultive. Nem morangos nem flores. Agora são compradas nas estufas.
Mãe querida, já lá vão oito anos, oito longos anos de profunda saudade, de lágrimas, de dor. Encontrei, aqui nos meandros da blogosfera (eu sei que esta palavra nunca constou no teu dicionário) um amigo , um conterrâneo, o Vítor Barros, da Fonte da Murta, um mano que adoptei, que escreve como tu sempre gostaste de o fazer. Com alma, com verdade, com amizade. Encontrei outros amigos e amigas, e numa delas, pelo seu espírito solidário, pela sua capacidade de perdão, vejo-te a ti. E, fisicamente, até é parecida contigo.
Minha querida mãe, o sol vai alto, o mar , lá ao fundo, desafia-me e eu tenho de sair, comprar flores e ir ao teu encontro. Deixo-te um beijo do tamanho do nosso Amor. Hoje, amanhã, sempre....
50 comentários:
Que Tal.., pasaba a saludar y dejar un cariño enorme.
MentesSueltas
Linda e comovente homenagem à tua mãe!
Desejo que para além dessa saudade tenhas hoje no teu filho e na tua neta Maria toda a compensação que mereces neste dia.
Um Bom dia da mãe para ti.
Beijinhos
Mentessueltas
Sê bem-vindo,amigo!
Agradeço a visita ao meu blogue. Irei passar pelo teu.
Bom domingo!
Beijinhos
Comovida, muito comovida te beijo e desejo o melhor do Mundo! Obrigada mana linda por estas palavras tão belas! Esteja onde estiver a tua mãe é feliz! A saudade que nos une esssa será para SEMPRE!
Tem um dia feliz querida amiga...a tristeza e a saudade também andam por aqui mas a serenidade far-nosá companhia...e a AMIZADE também...beijos...
Linda e bela homenagem. Vivam as Mães do Mundo. Kiss e Bom Domingo
TEXTO MUITO BONITO, Isabel, vindo do coração e da alma!
Fizeste bem jus ao "Oscarino Texto Original", que quiseste agora fazer o favor de exibir de novo.
Um belo Dia da Mãe para ti, que o és agora de duas gerações.
Muitas felicidades para os renetos, sejam eles crescidos ou ainda pequeninos.
Feliz Dia e um grande abraço com beijinho.
Parabéns às mães!
Jorge P.G.
Amigona, Querida Amiga:
Envio-te mil beijos. Gosto muito, muito de ti.
Bem hajas!
Ludo, Miguito!
Vivam as mães de todo os mundo e os filhos e amigos como tu.
Beijossss Grandesssss
Jorge,Amigo:
És sempre bem-vindo nesta casa. Os teus comentários são lidos com muito gosto assim como é com muito gosto que leio o teu blogue e lá comento. Agradeço as palavras que aqui me deixaste.
Mãe de duas gerações! Quem diria! Sinto-me , às vezes, tão jovem!
Ai, esta cabecinha.
Quanto ao Oscarino, aqui está. Diz que se sente muito bem.
Cá continuará!Bem sadio!
Beijinhos
Bom Domingo!
Bem hajas!
Comovente a homenagem que prestas à tua mãe. Para ti que és mãe e avó Um dia lindo!
Um beijo.
Sophiamar.
As palavras nunca serão demais,para aquela que guardamos no fundo do coração,e hoje como dizes mãe de duas gerações,onde eu faço parte! bom dia para ti junto de quem amas e adoras,para as nossas mães,onde elas estiverem sabem que as amamos com alma e coração.
Beijinho Lisa
Bela e sentida homenagem que fazes à tua mãe!
Desejo-te belos e felizes dias de mãe e avó pela vida fora!
beijos
De mãe para mãe te digo: guardamos a saudade dos nossos pais, mas agarramo-nos aos filhos e, no teu caso, neta, como nossos maiores tesouros. Eles são, também, a homenagem que prestamos aos que nos deram a vida.
Um abraço apertado, cheio de carinho e amizade.
minha querida isabel, espero que o teu dia ainda esteja a ser lindo!
tenho as minhas princesas e a minha pintainha do meio... falta-me gente!
está sol, calor, dia muito lindo até fomos à praia... escusado será contar como as minhas lindas "curtiram"
sinto as tuas palavras e o poema que dedicaste à tua Mãe, como um bocadinho de mim para a minha...
beijinhos enormesssssssssssss
Sentida e comovente homenagem que me deixou de lágrimas nos olhos e coração apertado.
Temo o dia em que tenha que escrever palavras iguais.
Mas que a parte de ser mãe tente equilibrar um pouco essa falta, é o que desejo.
Beijinhos e veludinhos
SOPHIAMAR
Não posso deixar de dizer-te amiga, que este dia é teu porque és MULHER de corpo inteiro e porque és mãe e o teu amor floresce.
Outras rosas vermelhas desabrocharão para dar cor e perfume aos dias.
Adorei o post e recordar o poema de Gonçalves Crespo.
Abraço
Sofhiamar
Uma bonita homenagem!
Os veleiros partem, cada um com o seu rumo, as saudades são muitas, mas acabam sempre por se encontrar num poto, seja onde for, e ai matam as saudades, contam a sua experiêmvia da grande viagem.
Um abraço muito grande
Olá Isabel.
A tua homenagem e as tuas palavras são tão belas e fortes que a sua beleza conseguiu ofuscar a grandiosidade do poema que as ilustram.
Sentindo-me tão pequenino e tão sem capacidade de vos deixar palavras de que ambas gostem, deixo-vos neste dia , em que todas as mães, presentes ou ausentes se recordam com mais fulgor e com mais amor: Um grande beijo, para ti e para ela...
Até breve
Bonita homenagem à tua Mãe!
Fui visitar a minha ao Alentejo, por isso tenho andado fugida.
Beijos
Também eu tinha lido esse poema há muitas décadas. Fizeste uma boa escolha!
Ainda nada disseste de colocares aí o poema Ir.
Estou a entrar na paginação onde ele aparecerá.
E se o pensas postar no teu blog, então eu ponho a indicação do mesmo, no topo da página deste novo livro Soltos & Dispersos II, como fiz em Soltos & Dispersos I.
Diz qualquer coisa.
Beijinhos, amiga!
E tambem para todas as mães coragem do mundo
Saudações amigas e boa semana
Muito bonita e profundamente sentida esta homenagem a sua mãe.
Salta a emoção de cada palavra. Sabia que hoje ia estar triste. Por isso as flores ontem à noite.
Deixo-lhe um forte abraço de grande amizade.
Isabel
fora do tempo, mas é sempre tempo para as homenagearmos. Estejam elas onde estejam, as nossas mães.
Beijos
Minha querida amiga também eu te deixo um grande abraço...e muitos, muitos beijinhos...(deixei-te lá um prémiozito)...
... um texto sentido, de homenagem a quem nunca se esquece, num dia de todos os dias.
Beijinhos.
Sophia
Linda homenagem
Alegria,
porque também és uma grande mãe
Beijinho
Boa semana
Bonita homenagem, tal como o poema escolhido.
Cumps
Brancamar, Amiga!
Desculpa não ter-te comentado ontem.Sem que disso me apercebesse comentei a amigona e alguns seguintes.
És sempre bem vinda neste blogue.
Muito obrigada pelas tuas palavras. Tive um dia muito bonito.O teu também o foi. Tenho a certeza.
Mil beijinhos
Graça Pires
Agradeço as tuas palavras.
Bem hajas,amiga da poesia.
Mil beijinhos
Lisa
Mil beijinhos, querida amiga. As nossas mães, lá onde estão, sabem quanto as estimamos.
Bem hajas!
anamarta, querida amiga!
Que ambas tenhamos muitos dias muito felizes.
Tens uma filha maravilhosa.
Mil beijinhos
Filoxera
Deixo-te um abraço apertado e muitos, muitos beijos. Tudo mereces.
Bem hajas!
Gaivota, Princesa do Mar!
Amiga, espero que tenhas passado um dia lindo.Como o meu.
A nossa mãe está sempre viva, dentro de nós.
Mil beijinhossss
bluevelvet
Há perdas irreparáveis. Esta é uma delas. Mima a tua enquanto puderes. Nunca é demais.
Mil beijinhos
Silêncio Culpado
Obrigada, Mulher Grande da blogosfera. Somos mães e avós, duplamente mães, uma felicidade imensa.
Outras rosas virão. Aguardamo-las com amor.
Beijinhos mil
Bem hajas!
j.stocker
Há sempre um porto onde o reencontro fica assegurado. Tarde ou cedo, lá nos encontraremos.
Um beijo
Bem hajas,velejador!
Vítor
Estás connosco nesta pequenina homenagem. Sabes bem como nós somos.
Beijos "irmão"!
Bem hajas!
Papoila, Amiga!
Senti a tua ausência. Foi por uma boa causa.
Beijinhos para ti e para a tua mãe.
Bem hajas!
Amigo Vieira Calado
Estou pensando postar o poema talvez noutro blogue. Se um dia o vier a ter. Ando muito indecisa com a minha continuação na blogosfera.
No entanto, se sair, levo amigos para a vida. Tu és um deles e este ano encontrar-nos-emos no tal almoço.
Conto com isso!
Beijinhos
Cvalente
Um beijinho para todas as mães do mundo.
Saudações amigas.
Bem hajas!
Elvira, Amiga!
Estive, de facto, muito triste. Todas as mães são especiais porque nos dão a vida.
A minha e a tua não só no-la deram como nos prepararam para ela.
Bem hajam!
Mil beijinhos
Carminda, Amiga!
É sempre tempo para homenagear quem nos deu a vida. E no nosso caso muito mais do que isso. Prepararam-nos para ela.
Mil beijinhos
Bem hajas!
Amigona Querida
Já lá fui ver o prémio. É lindo! Obrigada!
Em breve farei o post.
Beijinhos mil
Bem hajas!
Legível
Sê bem vindo! Registo com agrado a tua presença neste espaço.
Um dia de todos os dias!
Beijinhos
Jo Ra Tone
Obrigada, amigo!
Sabes quanto gosto da tua visita.
Mil beijinhossss
Boa semana!
Guardião
Homenagem que lhes prestamos todos os dias. No meu caso, a saudade dói.
Beijinhossss
Bem hajas!
Ser Mãe, ser filha e ser avó ,é ser mãe todos os dias. Uma palavra tão pequena e que enche a boca. Obriga-nos a abrir os lábios para pronunciar-mos a palavra MÂE. Somos obrigados a deitar para fora do peito o ar que sustenta nossos pulmões. Nossa vida depende sempre da mãe que tivemos. Para aqueles que já a perderam, ela está sempre a vê-los.
Minha querida
As nossas mâes serão sempre as nossas flores, para sempre, até à eternidade.
beijos
Ana Paula
João, Amigo!
És um doce chefe de família, um cidadão íntegro, simpático que não deixa que lhe dobrem a cerviz com facilidade. Aos poucos vais-te dando a conhecer com a lhaneza que te é peculiar.
Bem hajas, amigo!
Um beijinho especial para as mães aí de casa.
Beijinhos para ti também.
Ana Patudos
Nossas mães, nossas flores, nossos amores.
Ad eternum!
Beijinhos, amiga.
Que o teu Dia da Mãe tenha sido especial.
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