Manuel Joaquim Mendes nasceu em Lisboa a 18 de Janeiro de 1906 e aí faleceu a 4 de Maio de 1969.
Escritor, artista plástico e resistente anti-fascista, filho de José Joaquim Mendes, frequentou o curso de Histórico-Filosóficas ( o mesmo de Zeca Afonso) na Faculdade de Letras de Lisboa.
Como estudante, participou nas greves académicas de 1928 e 1931, acabando por não realizar as provas de licenciatura e os exames finais em protesto contra a situação. Iniciado na Maçonaria em 14 de Junho de 1930, usou o nome simbólico de Nemo.
Ligando ao grupo da Seara Nova e íntimo companheiro de homens como Raúl Proença, António Sérgio, Jaime Cortesão, Mário de Azevedo Gomes e Câmara Reys, interveio activamente na preparação das revoltas militares e civis que marcaram a primeira fase da resistência ao fascismo português até à Guerra Civil de Espanha, tendo sido importante agente de ligação entre homens como Jaime de Morais, Nuno Cruz, Moura Pinto, João Soares e Utra Machado.
Escritor, artista plástico e resistente anti-fascista, filho de José Joaquim Mendes, frequentou o curso de Histórico-Filosóficas ( o mesmo de Zeca Afonso) na Faculdade de Letras de Lisboa.
Como estudante, participou nas greves académicas de 1928 e 1931, acabando por não realizar as provas de licenciatura e os exames finais em protesto contra a situação. Iniciado na Maçonaria em 14 de Junho de 1930, usou o nome simbólico de Nemo.
Ligando ao grupo da Seara Nova e íntimo companheiro de homens como Raúl Proença, António Sérgio, Jaime Cortesão, Mário de Azevedo Gomes e Câmara Reys, interveio activamente na preparação das revoltas militares e civis que marcaram a primeira fase da resistência ao fascismo português até à Guerra Civil de Espanha, tendo sido importante agente de ligação entre homens como Jaime de Morais, Nuno Cruz, Moura Pinto, João Soares e Utra Machado.
Contra o fascismo, ficou conhecida a coragem com que, à frente de um grupo de companheiros, assaltou a esquadra de polícia do Rego para libertar Barreto Monteiro que estava a ser torturado pela , então, PVDE e mais tarde PIDE/ DGS.
Foi um dos promotores da reunião do Centro Almirante Reis, em 8 de Outubro de 1945, da qual resultou a criação ao Movimento da Unidade Democrática (MUD), ficando a fazer parte da Comissão Executiva da Comissão Distrital de Lisboa, integrando posteriormente a Comissão Central do MUD.
Em 16 de Dezembro de 1946, foi preso pela PIDE, tendo sido libertado no mesmo dia, mediante caução. Após a ilegalização do MUD, Manuel Mendes foi novamente preso, em 31 de Janeiro de 1948, juntamente com outros membros da Comissão Central e Distrital de Lisboa, tendo recolhido à cadeia do Aljube. Depois da sua libertação, ocorrida a 28 de Fevereiro, participou no movimento de apoio à candidatura do general Norton de Matos, integrando, a partir de Agosto de 1948, a comissão central dos serviços desta candidatura. No ano seguinte, seria novamente preso, para averiguações, “por actividades contra a Segurança do Estado, nomeadamente durante o último período eleitoral” (como consta da ficha da PIDE), ficando detido no Aljube entre 15 de Fevereiro e 23 de Março.
Em 1958, apoiou activamente a candidatura do General Humberto Delgado à Presidência da República, de que foi um dos mais próximos conselheiros.
Membro da Resistência Republicana e Socialista desde 1953, nela desenvolveu intensa actividade política, aderindo à ASP (Acção Socialista Portuguesa) em 1964. Nesta, foi um dos participantes desde a primeira hora, tendo tido uma intervenção fundamental na I Convenção, sendo eleito para sua Direcção.
Manuel Mendes fez largas incursões nas artes plásticas, mas destacou-se, sobretudo, pela sua actividade literária, colaborando ainda em numerosos jornais e revistas. Atento aos problemas do seu tempo, dotado de larga cultura e de fino humor, excelente observador da vida social da sua época, Manuel Mendes brandia repetidas vezes a arma da sátira contra os poderosos e os “espertos”, que abominava. Os seus escritos literários e as suas crónicas na imprensa demonstram o empenhado interesse pelas reformas político-sociais, pela arte e pela cultura em geral.
Como ficcionista, seguiu a estreia de Raúl Brandão e Aquilino Ribeiro. Como cronista do quotidiano, evocador de figuras e situações históricas, crítico e amador de artes plásticas, deixou também vasta obra. As suas posições políticas e o seu interesse pelas questões histórico-literárias manifestaram-se em conferências como Breve Perfil de Herculano (1945) e Oliveira Martins, o homem e a vida (l 947), para além da edição prefaciada e anotada do Testamento Político de D. Luís da Cunha (1943), bem como no livro sobre Antero de Quental (1942}. As suas inclinações artísticas estão presentes, designadamente, em Considerações sobre as Artes Plásticas (1944) e nas monografias sobre Machado de Castro (1942) e Rodin (1947). As suas observações sobre casos sociais estão presentes, entre outros, nos romances Bairro. Ainda está também por estudar a sua participação activa na redacção de milhares de panfletos e jornais clandestinos.
Casado com Berta Mendes, escreveu prefácios e notas para traduções realizadas por esta e publicadas na Biblioteca Cosmos, das quais destacam: O Elogio da Loucura de Erasmo, O Príncipe de Maquiavel e Utopia de Thomas More. Fez ainda várias traduções, como O Ruivo de Jules Renard e a Vida de Benvenuto Cellini.
Colaborou em diversas revistas e jornais das quais se destacam: Seara Nova, Revista de Portugal Vértice, Gazeta da Música e de todas as Artes, O Século, O Primeiro de Janeiro, A Capital e a República (onde manteve alguns anos uma crónica semanal). Foi colaborador da Biblioteca Cosmos da Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira.
Enquanto escultor, Manuel Mendes participou Salão dos Independentes e nos dois salões de 1946 e 1947 da Exposição Geral das Artes Plásticas, organizada pela Sociedade Nacional de Belas Artes. Entre as obras aí expostas figuravam os retratos de José Gomes Ferreira. Ofélia Marques, Miss Kastner e António Varela.
Frequentador assíduo da “Brasileira” e de tertúlias políticas e literárias, conviveu com Raul Brandão, António Sérgio, Raul Proença, Jaime Cortesão, Câmara Reys, Mário de Azevedo Gomes. Manuel Mendes surge representado no quadro de Abel Manta intitulado A Leitura, que retrata o grupo de intelectuais que se reuniam no consultório do Prof. Pulido Valente. Ao longo da sua vida juntou uma extensa biblioteca. O seu relacionamento estreito com os principais artistas plásticos do seu tempo levou-o a formar uma significativa amostra da pintura portuguesa contemporânea, coleccionando numerosas obras ao mesmo tempo que coleccionava cartas e outros manuscritos de escritores e personalidades da vida cultural e política. A sua casa foi sempre ponto de encontro de muitos dos seus amigos e companheiros - sendo instituída, em Agosto de 1977, Casa-Museu Manuel Mendes. Amigo íntimo de Aquilino Ribeiro, promoveu a campanha para que lhe fosse concedido o Prémio Nobel e juntou diversos materiais para a defesa jurídica no processo que a este foi levantado pela publicação do romance Quando os lobos uivam.
Morreu em Lisboa, em 1969, com 63 anos.
Foi um dos promotores da reunião do Centro Almirante Reis, em 8 de Outubro de 1945, da qual resultou a criação ao Movimento da Unidade Democrática (MUD), ficando a fazer parte da Comissão Executiva da Comissão Distrital de Lisboa, integrando posteriormente a Comissão Central do MUD.
Em 16 de Dezembro de 1946, foi preso pela PIDE, tendo sido libertado no mesmo dia, mediante caução. Após a ilegalização do MUD, Manuel Mendes foi novamente preso, em 31 de Janeiro de 1948, juntamente com outros membros da Comissão Central e Distrital de Lisboa, tendo recolhido à cadeia do Aljube. Depois da sua libertação, ocorrida a 28 de Fevereiro, participou no movimento de apoio à candidatura do general Norton de Matos, integrando, a partir de Agosto de 1948, a comissão central dos serviços desta candidatura. No ano seguinte, seria novamente preso, para averiguações, “por actividades contra a Segurança do Estado, nomeadamente durante o último período eleitoral” (como consta da ficha da PIDE), ficando detido no Aljube entre 15 de Fevereiro e 23 de Março.
Em 1958, apoiou activamente a candidatura do General Humberto Delgado à Presidência da República, de que foi um dos mais próximos conselheiros.
Membro da Resistência Republicana e Socialista desde 1953, nela desenvolveu intensa actividade política, aderindo à ASP (Acção Socialista Portuguesa) em 1964. Nesta, foi um dos participantes desde a primeira hora, tendo tido uma intervenção fundamental na I Convenção, sendo eleito para sua Direcção.
Manuel Mendes fez largas incursões nas artes plásticas, mas destacou-se, sobretudo, pela sua actividade literária, colaborando ainda em numerosos jornais e revistas. Atento aos problemas do seu tempo, dotado de larga cultura e de fino humor, excelente observador da vida social da sua época, Manuel Mendes brandia repetidas vezes a arma da sátira contra os poderosos e os “espertos”, que abominava. Os seus escritos literários e as suas crónicas na imprensa demonstram o empenhado interesse pelas reformas político-sociais, pela arte e pela cultura em geral.
Como ficcionista, seguiu a estreia de Raúl Brandão e Aquilino Ribeiro. Como cronista do quotidiano, evocador de figuras e situações históricas, crítico e amador de artes plásticas, deixou também vasta obra. As suas posições políticas e o seu interesse pelas questões histórico-literárias manifestaram-se em conferências como Breve Perfil de Herculano (1945) e Oliveira Martins, o homem e a vida (l 947), para além da edição prefaciada e anotada do Testamento Político de D. Luís da Cunha (1943), bem como no livro sobre Antero de Quental (1942}. As suas inclinações artísticas estão presentes, designadamente, em Considerações sobre as Artes Plásticas (1944) e nas monografias sobre Machado de Castro (1942) e Rodin (1947). As suas observações sobre casos sociais estão presentes, entre outros, nos romances Bairro. Ainda está também por estudar a sua participação activa na redacção de milhares de panfletos e jornais clandestinos.
Casado com Berta Mendes, escreveu prefácios e notas para traduções realizadas por esta e publicadas na Biblioteca Cosmos, das quais destacam: O Elogio da Loucura de Erasmo, O Príncipe de Maquiavel e Utopia de Thomas More. Fez ainda várias traduções, como O Ruivo de Jules Renard e a Vida de Benvenuto Cellini.
Colaborou em diversas revistas e jornais das quais se destacam: Seara Nova, Revista de Portugal Vértice, Gazeta da Música e de todas as Artes, O Século, O Primeiro de Janeiro, A Capital e a República (onde manteve alguns anos uma crónica semanal). Foi colaborador da Biblioteca Cosmos da Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira.
Enquanto escultor, Manuel Mendes participou Salão dos Independentes e nos dois salões de 1946 e 1947 da Exposição Geral das Artes Plásticas, organizada pela Sociedade Nacional de Belas Artes. Entre as obras aí expostas figuravam os retratos de José Gomes Ferreira. Ofélia Marques, Miss Kastner e António Varela.
Frequentador assíduo da “Brasileira” e de tertúlias políticas e literárias, conviveu com Raul Brandão, António Sérgio, Raul Proença, Jaime Cortesão, Câmara Reys, Mário de Azevedo Gomes. Manuel Mendes surge representado no quadro de Abel Manta intitulado A Leitura, que retrata o grupo de intelectuais que se reuniam no consultório do Prof. Pulido Valente. Ao longo da sua vida juntou uma extensa biblioteca. O seu relacionamento estreito com os principais artistas plásticos do seu tempo levou-o a formar uma significativa amostra da pintura portuguesa contemporânea, coleccionando numerosas obras ao mesmo tempo que coleccionava cartas e outros manuscritos de escritores e personalidades da vida cultural e política. A sua casa foi sempre ponto de encontro de muitos dos seus amigos e companheiros - sendo instituída, em Agosto de 1977, Casa-Museu Manuel Mendes. Amigo íntimo de Aquilino Ribeiro, promoveu a campanha para que lhe fosse concedido o Prémio Nobel e juntou diversos materiais para a defesa jurídica no processo que a este foi levantado pela publicação do romance Quando os lobos uivam.
Morreu em Lisboa, em 1969, com 63 anos.
( Retratos de Manuel Mendes por Abel Manta e Sarah Afonso, mulher de Almada Negreiros e busto de Manuel Mendes por Barata Feyo). Texto e imagens tirados do google.
27 comentários:
Não conhecia uma biografia tão completa. Obrigada pela partilha. Aqui, aprendo sempre. Muitos beijos e uma Páscoa Feliz.
minha linda, mais uma personagem que não conhecia, obrigada
nesta ocasião e já de partida mais uma vez rumo a aqui pertito...
deixo-te votos de uma sante e feliz páscoa e beijinhos,muitosssssssssss
E o prometido é devido
Cá está mais um grande homem das artes, que também não conhecia.
Obrigado Isabel por dares a conhecer o que para mim está oculto,
ou então no anonimato
Boa continuação
Bjinho
Sinto-me tão ignorante...
Um beijo e uma Páscoa cheia de amor e de esperança.
Deste, sim, já conhecia algo.
Um belo palmarés de dedicação à causa da luta contra o fascismo.
O assalto à esquadra do Rego foi um espectáculo, ainda no tempo da "PEVIDE", como a malta lhe chamava!
Não sou da geração do Manuel Mendes obviamente,(já estaria muito provavelmente morto há muito anos!) mas a "PEVIDE" ainda conheci.
OK! Mais uma figura de relevo, e esta de grande relevo.
Um abraço e Feliz Páscoa, desde já, pois desconheço se vais ausentar-te.
Um Sorriso à Maria.
Um Páscoa feliz.
Um beijo. Augusto
Pois deste eu já tinha ouvido falar, mas nunca li nada dele.
Biografia muito completa que me ensinou muita coisa. Obrigada pela partilha.
Um grande abraço.
Uma Santa e feliz Páscoa, com esse belo ser que sendo tão pequenino, já encheu a vida dos pais, avós e amigos. Para a Maria toda a felicidade do mundo.
Simpática Amiga:
Que rica, preciosa e exaustiva investigação biográfica de Manuel Mendes que li na íntegra maravilhado e surpreso pelo imenso talento como anti-fascista, escritor, pintor e escultor de nomeada.
Homem corajoso, brilhante e talentoso.
Admirável!
Se ele fosse vivo dar-lhe-ia saudações efusivas pelo preciosismo, magia de narração, propósito de pesquisa e intensa homenagem.
Excepcional!
Parabéns pela atitude.
Beijinhos de amizade e estima extensivos aos seus.
OBRIGADO por existir.
Foi com encanto e delícia que li a sua narrativa genial e efusiva
pena
OBRIGADO pela visita e pelo que lá expressou que me "preencheu". OBRIGADO!
Páscoa feliz, são os meus votos sinceros e autênticos de seriedade.
Só conhecia de nome e devido ao interesse que tive na obra de Raul Brandão.
A minha passagem de hoje era também para desejar uma Páscoa Feliz.
Cumps
Olá
Grato pela rua visita e pelas tuas palavras.
Beijo
Victor Manuel
-
PS - O blog que escolheste chama-se Ao Sabor do Olhar e não O Sabor do Olhar
Gosto sempre de aprender...por isso aqui ando...
beijo e boa Páscoa
Paula Raposo
Agradeço a tua visita. Aprendemos uns com os outros.
Páscoa feliz.
Beijinhosssss
Gaivota
Manuel Mendes foi um anti-fascista de relevo. Homem corajoso, como outros da sua geração, não hesitou em formar o MUD ( Movimento de Unidade Democrática) em 1945 para combater a ditadura salazarista.
Beijinhossss
Jo Ra Tone
Todos aprendemos com todos. Também tu me dás a conhecer muito da tua serra.
Uma Páscoa Feliz
Jinhos
Graça Pires
Aqui, todos partilhamos saberes.Não há ignorantes.
Gosto muito da tua presença no meu blogue.
Beijinhosssss
Mocho-Real
Jorge, eu sabia que tu conhecias Manuel Mendes. Um dos fundadores do MUD que não hesitou em combater a ditadura salazarista sabendo o que o esperava. Não podemos deixar esquecer a longa noite da ditadura.
Vai passando. És bem-vindo!
Beijinhosssss
Augustom
Uma Páscoa feliz para ti também.
Beijinhosssss
Vai passando. Tenho sido uma
ingrata.
Elvira
Manuel Mendes foi um anti-fascista que ousou enfrentar o monstro da ditadura.
Coube-lhe a cadeia em troca mas a este e outros devemos a implantação da democracia.
Beijinhossss
Pena, Doce Amigo!
Tu escreves com o coração nas mãos. A tua escrita está perpassada de amor, carinho, amizade....
Beijinhossss
Guardião
Também te desejo uma Páscoa feliz.
Manuel Mendes não pode ser esquecido.
Beijinhosssss
Vai passando!
Víctor Nogueira
Já fiz a correcção ao nome do blog. Desculpa.
Páscoa Feliz.
Beijinhosssss
Carlos Barros
Gostava de um dia ler o teu livro.
Vai passando.
Uma Páscoa feliz!
Beijinhossss
Isabel,
deste anti-fascista já tinha lido qualquer coisa mas nada comparado ao perfil que aqui deixaste.
De notar que, ao contrário das últimas personalidades que aqui tens postado, este, não era algarvio. Eheheh!
Beijinhos minha linda.
Carmindinha
Este pertencia ao grupo que não temia enfrentar a ditadura salazarista e tinha conhecimento do preço que, por isso, iria pagar. Tenho,e sei que o mesmo acontece contigo, grande orgulho nestes homens que não cederam e mesmo na noite mais triste ousaram dizer NÃO.
Vai passando!
Beijinhosssssssssssssss
Carminda
Ah, esquecia-me, gostava que fosse algarvio mas sou por Portugal.
Continuarei a descobrir algarvios de boa cepa.
Beijinhossssss
Gosto de a ver assim em boa companhia e divulgando nomes que merecem ser conhecidos.
Abraço
jlf
Também te encontrei em boa companhia e daí a razão da minha visita. A bettips é amiga de longa data.
Sê bem-vindo!
Beijinhossss
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