quinta-feira, 12 de junho de 2008

Santo António de Lisboa

Marchas Populares

Em Portugal, Santo António é venerado na cidade de Lisboa a 13 de Junho, feriado municipal da cidade. As festas em sua honra começam logo na noite do dia 12 e, todos os anos, a cidade organiza as marchas populares, grande desfile alegórico que desce a Avenida da Liberdade, no qual competem os diferentes bairros. Um grande fogo de artifício costuma encerrar o desfile. Os rapazes compram um manjerico para oferecer à namorada no qual vem uma bandeirinha com uma quadra popular quase sempre brejeira . A festa dura toda a noite e, um pouco por toda a cidade, há arraiais populares, locais de animação engalanados onde se comem sardinhas assadas na brasa, febras de porco, caldo verde acompanhados de vinho tinto. Ouve-se música popular e dança-se até de madrugada, sobretudo no muito antigo e típico Bairro de Alfama.


Vaso de manjerico com quadra popular

Santo António nasceu em Lisboa, a 15 de Agosto de 1195 e morreu em Pádua a 13 de Junho de 1231. Na Pia Baptismal, recebeu o nome de Fernando Martim de Bulhões e Taveira Azevedo , filho de Martim de Bulhões e de Maria Teresa Taveira Azevedo. É também conhecido como Santo António de Pádua, por ter vivido e falecido nessa cidade italiana. Regra geral, os santos são conhecidos pelo nome da cidade onde falecem e onde permanecem as suas relíquias – pois que, na doutrina cristã, a morte é que a passagem para a vida eterna.

Aos quinze anos entrou para um convento de Cónegos Regrantes de Santo Agostinho e em 1220, com vinte e cinco anos, impressionado pela pregação de alguns frades que conheceu em Coimbra enquanto estudava no Mosteiro de Santa Cruz, trocou o seu nome por António e ingressou na Ordem dos Franciscanos.
Leccionou ainda Teologia em várias universidades europeias, tendo passado os últimos meses da sua vida em Pádua, Itália, onde viria a falecer no bairro de Arcella.
É o santo padroeiro da cidade de Pádua. Ao contrário do que é corrente pensar, Santo António não é o santo padroeiro da cidade de Lisboa, lugar que é ocupado por São Vicente.


Em 1934, o Papa Pio XI proclamou-o segundo padroeiro de Portugal, a par de Nossa Senhora da Conceição.
Muitas das suas estátuas e imagens representam-no envergando o traje dos frades menores, segurando o Menino Jesus sobre um livro, enquanto outras o mostram a pregar aos peixes , objecto de um sermão do Padre António Vieira, séculos mais tarde, tal como São Francisco pregava aos pássaros. Além disso, é ainda considerado padroeiro dos pobres, sendo invocado para ajudar a encontrar objectos perdidos, numa oração conhecida como responso.
É também considerado um santo casamenteiro por, segundo uma lenda, ser um excelente conciliador de casais.

Igreja de Santo António


28 comentários:

José Lopes disse...

O casamenteiro, e vai daí aproveita-se para se fazerem uns casamentos, que sempre ajudam à imagem do edil lisboeta.
De Lisboa, ou de Pádua, pouco interessa. Venham os manjericos, as sardinhas e um tintol, que o pessoal precisa mesmo é de festa.
Cá de longe, contentei-me com umas sardinhas ao almoço, das congeladas, que o menino é previdente.
Cumps

BlueVelvet disse...

Sto António é o santo da devoção da minha mãe e por isso também tenho grande simpatia por ele.
E ando sempre de nariz no ar para descobrir um que ela não tenha, já que colecciona.
Boas Festas Populares para ti e beijinhos a cheirar a manjerico.

anamarta disse...

Já lá vai o tempo em que na noite de S. António corria os arraiais todos até de madrugada! Agora fico em casa! que as pernas já não aguentam.
beijinhos
Isabel
Espero e desejo do coração que as notícias hoje tenham sido boas.
beijos

lua prateada disse...

Passei desejando um lindo fim de semana e dizer-te...aquilo que afinal bem sabes amiga...

Segue o teu destino,
Rega as tuas plantas
ama as tuas rosas...
O resto é a sombra
de árvores alheias...
Beijinho prateado com carinho

SOL

Frioleiras disse...

que maravilha...........

e eu num Algarve sem mar e sem silêncio...numa Vilamoura tornada paraíso de doidos.......

saudades do St António de Lisboa!

amigona avó e a neta princesa disse...

Deixo-te um abraço de amizade...

Jorge P. Guedes disse...

Nada dado a este tipo de manifestações, marchas e balões, acho-as contudo importantes enquanto forem preservadas as tradições populares. Agora, quando vejo baterias de samba misturadas, já torço o nariz, não pelas sambistas, mas pela perda de genuinidade e de sentido das marchas. Diria o mesmo se visse no Carnaval do Rio uma Escola desfilando ao som de um fado.

Quanto ao Santo António, ele foi um discípulo do homem que mais admiro no mundo católico: San Francesco de Assisi, que o mandou pregar por toda a Europa.
Renunciando, tal como Francesco, aos bens materiais de família, foi um caso notável de dedicação e amor pelos seres, todos, sendo notável o seu sermáo aos peixes.
De Lisboa por nascimento, de Padova porque lá viveu e foi muito amado. Foi e é, que as festas em sua honra são algo de indescritível, em nada se comparando a dedicação que os padovanos lhe têm, se comparada com a que em Lisboa lhe é prestada.
Falei com habitantes de Padova sobre o Santo e fiquei perfeitamente inteirado do culto que lhe é prestado.

Um abraço e um bom dia de trabalho.
Jorge P.G.

gaivota disse...

santo antonio de lisboa, ou de pádua, o casamenteiro, o que pregou um sermão aos peixes!
sim, é para ser venerado e festejado, é um santo popular e é festejado por todo o país, nos famosos arrais com muita música, a sardinha, o chouriço, a febra de porco, o pão de milho, o caldo verde e vinho, tinto...
em lisboa tem a grande noite que lhe pertence com desfile de marchas bairristas concorrendo entre si
(ninguém se lembra que há crises...)
beijinhos grandessssssssssss

com senso disse...

Uma excelente ideia falar do nosso Santo, reclamado por portugueses e italianos.
Um belíssimo texto, como já nos habituou.
Este cantinho é um dos mais interessantes da blogosfera.

Elvira Carvalho disse...

Gostei do post, Amiga. Muito do que contou eu sabia, uma vez que me tinha dedicado à pesquisa. Mas vou-lhe dizer uma coisa que talvez não saiba. Eu vivo em Santo André,
(para a semana é o dia dele e já estão a montar o arraial aqui em frente, mas isso agora não interessa) dizia eu que vivo em Santo André e aqui bem perto fica Stº António da Charneca, também pertencente ao Barreiro. Está em festa. Durante a semana foi o arraial e tudo o resto de que se compõe a festa popular e pagã. Domingo é a festa religiosa,com missa comunhão das crianças, baptismos e por fim a procissão.
Um abraço e bom fim de semana

Isamar disse...

Guardião, Amigo:

Façamos a festa! O religioso e o pagão, lado a lado, como sempre. Haja alegria. Será possível com a crise que aí vai?
Esta algarvia adora sardinhas grelhadas e salada montanheira. Hummmm!!!!

Beijinhos

Isamar disse...

Bluevelvet

Também colecciono este Santo há muitos anos. Tal como S.Francisco!
Obrigada pelas palavras. Desculpa a ausência. Em breve passarei pelo teu canto.

Beijinhos com manjerico

Vb disse...

“ e juntávamo-nos muitos, moços e moças, lá na casa da tua avó Pires para saltarmos a fogueira.
Dias antes já tínhamos apanhado o alecrim e secado parte dele. Quando era pouco juntava-se um pouco de lenha.
Cada vez pulava um a fogueira e os outros iam contando: uma, duas, três, quatro…
Nós moças segurávamos as saias com uma das mãos e pulávamos felizes rindo e mangando. Fazíamos muitos jogos de namoros e namorados. Fazíamos o jogo do sapato, o molde em cera, o do raminho de alecrim e o das favas. Arranjávamos três favas, uma completamente descascada, outra meio descascada e outra com a casca toda. As favas pulavam a fogueira connosco e no fim sem vermos jogava-mos uma para o fogo, outra para a água e ficávamos com a outra. Se ficássemos com a fava despida íamos ser pobres o resto da vida, se ficássemos com a que estava meio descascada seríamos remediadas e se nos calhasse a fava com a casca completa seriamos ricas.
O sapato voava pelos ares e para onde ficasse voltada a biqueira seria o sítio de onde o moço namorado era.
E juntávamo-nos muitos, moços e moças, lá na casa da tua avó Pires para saltarmos a fogueira”


Passei por lá hoje e na casa da minha avó Pires não há moços nem moças…
No chão um pouco de cinza e o sinal de uma fogueira. Ao lado uma fava completamente despida sorri-me…Pego nela e ouço-a contar: uma, duas, três, quatro…

Um grande beijo

Vitor Barros

Isamar disse...

anamarta

Hoje as notícias foram boas. É que também esperava um resultado que veio agora e me trouxe uma das grandes alegrias da minha vida.

Beijinhos

Obrigada, amiga!

Bem hajas!

Isamar disse...

Lua Prateada

Obrigada, amiga algarvia. Gostei tanto das tuas palavras! As lágrimas assomam. Mas vou contê-las! Amo as minhas rosas!

Beijinhos

Bem hajas!

Bom fim de semana!

Isamar disse...

Frioleiras

Obrigada, amiga!

Bem hajas!

Vai passando e...escrevendo.

Beijinhos

Isamar disse...

Amigona

Dou-te um abraço de amizade. Sempre!
Continuo a mesma pessoa!

Pela Liberdade,pela solidariedade, pela justiça... pela amizade.

Beijinhos

Bom fim de semana!

Filoxera disse...

Não ligo muito aos santos populares. No entanto, acho bem que se mantenham tradições como estas.
Beijos.

Isamar disse...

Jorge, Grande Amigo:

Também não sou dada a estas folias que envolvem multidões e que são chamariz onde o popular já está bastante desvirtuado. Fazem-me lembrar o Carnaval português e as brasileiras quase nuas a dançar como se estivessem no Rio de Janeiro. As tradições fazem parte daquilo que um povo tem de mais genuíno e não podem ser tratadas levianamente. Cada macaco no seu galho.
Obrigada pelas tuas palavras. Sempre bem-bindas.

Um abraço fraterno!

Isamar disse...

Gaivota, princesa amiga!

Alegre-se o povo e façamos intervalos nas crises. Mas elas existem e cada vez mais difíceis de suportar.

Beijinhos com manjerico

Isamar disse...

com senso

Obrigada, amigo! As tuas palavras comoveram-me. Caíram num momento de fragilidade. Vai passando. És um amigo recente que já está nos meus favoritos.
Verifico que partilhamos pontos de vista comuns e gosto muito de ler o teu blog.
Bem hajas!

Bom fim de semana!

Isamar disse...

Elvira, Amiga:

E assim fiquei a saber um pouco mais das tradições deste cantinho que tanto amo.

Obrigada pela partilha, amiga.

Beijinhos

Bem hajas!

Isamar disse...

Vítor, Mano, Amigo:

As tuas palavras comoveram-me. Daqui, podias fazer mais um post. Isto que a tua mãe te conta é para preservar.Guarda bem estas memórias para ,mais tarde, outra geração,e mais outra e outra e assim sucessivamente as irem contando. Não podem cair no esquecimento. Saltar a fogueira, de alecrim ou de madeiras velhas de que nos queríamos libertar, comer até às tantas ( nesses dias deitava-me mais tarde) brincar com as amigas e amigos... é coisa que já lá vai. E as brincadeiras com as favas, os sapatos, o chumbo fundido e deitado em água fria...

Na casa da tua avó Pires há o cheiro das flores. E desse tu não prescindes.

Beijinhos

Isamar disse...

Filoxera

Eu gosto dos santos populares pelas recordações que mantenho de menina. Foram caminhando no tempo sempre ao meu lado. Mas não sou de grandes festarolas e ruído.

Beijinhos

jo ra tone disse...

Por aqui, alguns mais velhinhos dizem que Santo António além de bom, também era um pouco maroto.
Esperava as raparigas solteiras quando estas iam buscar água à fonte, e partia-lhes a cântara, só para pegar com elas!
Pena tenho eu de não ter visitado as suas relíquias quando estiveram em Coimbra há poucos anos.
Gostei também dos comentários dos amigos que referenciaram os seus costumes, agora diferentes, deste dia
Beijinhos

Isamar disse...

Jo Ra Tone

Santo António era um marotão. Segundo dizem alguns mas não passava da brincadeira. Ai estes santos populares!

Beijinhos

O Sibarita disse...

Ah fia! kkk Aqui no Brasil Santo Antonio é o Santo mais popular e hoje dia 13 aqui é festa por todo o Brasil!

Valhei-me Santo Antonio! kkkk

bjs
O Sibarita

Isamar disse...

O Sibarita

Aqui em Portugal, Santo António é um dos santos populares mais festejados, acompanhado de S. João.

Vai passando. Gostei da tua visita.

Beijinhos